Festival Vale do Café, une arte e gastronomia

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Implementado em 2003, o Festival Vale do Café é um projeto com o objetivo de criar um polo turístico cultural na região. Por meio da preparação anual de uma grande celebração de música, história e natureza, o festival chega à nona edição, entre 22 e 31 de julho. Ele já recebeu mais de 600 mil pessoas em suas oito edições anteriores, com consequente aquecimento econômico da região.

Segundo Nelson Drucker, diretor do festival, o evento “realça o patrimônio imaterial, estimulando o amor à natureza, e divulga o patrimônio histórico e arquitetônico abrangendo os diversos municípios da região do Vale do Café, num dos mais lindos recantos do estado do Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba”. Nelson considera que, além das apresentações, as visitas às fazendas históricas são a cereja do bolo. De acordo com ele, a ideia é levar o festival também para Minas Gerais e São Paulo.

O evento emprega cerca de mil profissionais e beneficia pelo menos 1,5 mil alunos de música, que, durante o período, recebem aulas e oficinas gratuitas de violoncelo, contrabaixo, violino, sax, clarineta, trompete e harpa. Duzentos deles ganham bolsa completa, com hospedagem e alimentação. O projeto do festival foi idealizado pela harpista do Teatro Municipal do Rio de Janeiro Cristina Braga e tem direção artística do violonista Turíbio Santos.

Apresentações
Com uma cuidadosa seleção de concertos, o público, além de ter a oportunidade de conhecer as 14 fazendas históricas da região que participam do festival este ano. Em cada uma delas, haverá apresentações pagas com parte da nata da música instrumental brasileira. A programação também conta com aproximadamente 30 shows gratuitos nas praças públicas da região.
Entre as apresentações grátis de peso, está a do Ballet do Theatro Municipal (RJ), no Jardim da Fábrica do Conhecimento, em Paracambi, em 24 de julho (domingo), às 19h. Já a Orquestra Sinfônica e o Coro do Theatro Municipal se apresentam na Igreja de São Benedito, em Barra do Piraí, às 19h do dia 25. E seguem Mart’Nália, Bia Bedran, Ivan Lins e Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, Suzuki Tropical, Pequenos Mozarts, bandas, balés, danças diversas e muito mais.

No time das apresentações nas fazendas estão nomes como Leo Gandelman, Marcelo Caldi, Turíbio Santos Trio, Roberto de Regina, Yamandu Costa, Eudóxia de Barros, Tira Poeira, Maíra Freitas, a dupla Carol Mac Davit e Carolina Faria, Lotus Combo (tocando de Brahms a Beatles) e por aí vai. Toda a programação pode ser acessada no www.festivalvaledocafe.com.

Cortejo
Pelo sétimo ano consecutivo, o Festival Vale do Café vai apresentar o Cortejo de Tradições, ação que se destaca pela beleza e pelo encantamento dos grupos locais de cultura popular. É o momento em que o pessoal da folia de reis, do jongo, da capoeira, do maculelê, da caninha-verde, do calango e os rezadores se reúne para celebrar suas lutas, tradições e resistência.

Em Vassouras, a concentração dos grupos se dá no Memorial Manuel Congo, antigo Largo da Forca, na Pedreira, que no passado abrigava o pelourinho da cidade. Nesse local, os então julgados criminosos — a maioria, negros e pobres —, eram açoitados, espancados e algumas vezes condenados ao enforcamento. Em um tempo antigo, saíam da antiga casa de Câmara e Cadeia, contornavam a Praça Barão de Campo Belo e seguiam para o Largo da Forca. Era o “caminho da morte”.

Esse foi também o destino do líder quilombola Manoel Congo, chefe de uma revolução que abalou os alicerces do Brasil império. Foi enforcado ali, em 6 de setembro de 1836. Hoje há no local um memorial em sua homenagem, contribuindo para eternizar a luta por liberdade. O Cortejo de Tradições faz atualmente o caminho inverso ao trajeto percorrido por aqueles que foram, um dia, condenados. Representado em seus grupos de cultura popular, a procissão materializa a luta pela liberdade e faz o caminho de volta, festejando a diversidade da cultura brasileira