Índia descarta mais medidas para impedir saída de capital

Imprimir

A Índia refutou as sugestões de que a sua economia vacilante está diante de uma crise da balança de pagamentos e descartou novas restrições de capital para investidores estrangeiros, apesar das crescentes preocupações com a veloz depreciação da rúpia, as remessas de capital e a queda da bolsa de valores.

No fim de semana, o primeiro-ministro Manmohan Singh, reafirmou aos investidores que os US$ 279 bilhões em reservas da Índia serão suficientes para fazer com que o país saia daquela que possivelmente é a sua mais grave crise econômica em duas décadas. "Não há a menor chance de uma volta à [crise da balança de pagamentos] de 1991", disse Singh referindo-se ao período de emergência financeira que resultou na introdução de reformas para a abertura da economia do país.

O enorme déficit em conta corrente e a falta de reformas econômicas substanciais tornaram o país especialmente vulnerável às saídas de capital vistas nos mercados emergentes nos últimos meses, tornando necessária a descoberta de novas fontes de capitais como proteção contra mais desvalorizações da moeda. A introdução, na quarta-feira, de controles limitados sobre capital interno assustou os investidores, levando a rúpia a bater recordes de baixa contra o dólar e provocando agudas quedas nos mercados de ações. Essa forte reação aumentou as preocupações quanto a um possível esgotamento das reservas do país de moedas estrangeiras. As autoridades descartaram a possibilidade de novos controles sobre os fluxos de investimento estrangeiro, numa reação aos temores de que as medidas limitadas da semana passada possam ser ampliadas.

"Não está na mesa de discussões a imposição de quaisquer limites na capacidade de investidores institucionais estrangeiros que colocaram dinheiro na Índia de retirá-lo na hora em que quiserem. De fato, estamos tomando medidas para que eles se sintam ainda mais atraídos a aumentar os investimentos", disse uma alta autoridade. O governo examina novas medidas para eliminar o atual déficit em conta corrente por meio da redução das importações de ouro e carvão, da retomada das exportações de minério de ferro e de esforços para que grandes empresas com apoio estatal contraiam novas dívidas em dólar no exterior.

Porém, muitos analistas pensam que o país provavelmente enfrentará novas pressões para a desvalorização da sua moeda e para a queda dos mercados, na ausência de medidas mais amplas que restaurem a confiança do investidor e combatam a freada da economia. "O grau de vulnerabilidade da economia indiana em relação à mudanças globais aumentou, de forma que agora estamos no fio da navalha, com os investidores estrangeiros cogitando retirar seu dinheiro", disse Eswar Prasad, economista da Universidade Cornell.

"Será bastante difícil impedir a deterioração com medidas de curto prazo, porque o mercado pensa que elas são reativas. Assim, se não virmos um pacote de reformas de peso nas próximas semanas, chegará a hora que ficarmos realmente preocupados", acrescentou. Ainda que o governo seja capaz de impor essas reformas ao fragmentado sistema político da Índia, também precisará assegurar que quaisquer anúncios inadvertidamente abalem a confiança do investidor, especialmente na esteira das turbulências da semana passada parcialmente autoinfligidas. "Creio que provavelmente o melhor caminho agora é não fazer nada drástico e esperar que o mercado se acomode sozinho", afirmou Chetan Ahya, economista-chefe do Morgan Stanley na Ásia. "Eles estão tentando atravessar uma trilha dura e parece que o plano deles por enquanto é fazer algumas coisas pequenas para desencorajar novas saídas e atrair capital, o que é sensato."

Fonte: Valor Econômico

Imprimir

Endereço em transição - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil       celula

Telefone temporário: +55 31 994435552

Horário de Atendimento - Home Office

O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

Todos os direitos reservados © 2010 - 2016