Disparada do dólar encarece dívidas de empresas no exterior
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- 15/05/18
A disparada do dólar elevou em R$ 115 bilhões o total de dívidas de empresas brasileiras no exterior. Ainda que os empréstimos na moeda dos EUA não tenham aumentado, a variação cambial fez com que sejam necessários mais reais para pagar o mesmo compromisso. O cenário pode gerar ainda mais preocupação já que de acordo o Banco Central 46,9% das empresas com dívida em dólar não contam com proteção à variação do câmbio, o chamado "hedge".
Dados do BC mostram que a dívida externa de empresas somava US$ 471,2 bilhões no fim de março. Convertida para reais, a dívida passou do equivalente a R$ 1,556 trilhão no fim de março para R$ 1,672 trilhão na última quinta (dia 10) – uma diferença de R$ 115 bilhões. Esse valor inclui empréstimos bancários, títulos de dívida, crédito comercial e operações intercompanhias.
O quadro pode trazer preocupação especialmente para empresas que eventualmente tomaram crédito em outros países, mas não estavam preparadas para a disparada da cotação do dólar. Isso porque a conta para quitar dívidas continua chegando às empresas e bancos, que têm compromissos de US$ 84,4 bilhões até dezembro.
Periodicamente, o BC estima o total da dívida externa das empresas sem proteção cambial. O dado mais recente, de dezembro de 2016, mostrava valor equivalente a 9% do Produto Interno Bruto (PIB). Ainda que parte dessa dívida desprotegida conte com algum tipo de resguardo indireto – como um ativo ou sede no exterior, essas companhias administram o caixa com compromissos futuros em moeda estrangeira sem seguro contra a disparada da moeda.
O BC orienta atenção a eventuais mudanças na economia. O estudo da instituição diz que em um "hipotético cenário de reversão" há dois pontos a observar com cautela nas empresas com exposição ao câmbio: "potenciais impactos na capacidade de pagamento das empresas e no total do endividamento".
Economistas avaliam que as últimas semanas reforçam a percepção de que a mudança de cenário hipotética mencionada pelo BC está em curso. Desde março, o dólar subiu mais de 7% e já bateu em R$ 3,60, crescem as incertezas sobre as eleições no Brasil, o aperto do juro nos EUA pode ser mais intenso que o esperado e surgiu uma inesperada crise na Argentina com direito até ao FMI.
Na última sexta-feira, 11, o BC anunciou que elevará a intervenção no mercado de câmbio nesta semana com a oferta adicional de contratos de swap, que equivalem à venda futura da moeda norte-americana, além de manter os leilões dos contratos que vencem em junho, como vinha fazendo desde o início do mês.
Fonte: Estadão