Indústria

A atividade industrial no Brasil teve início no período colonial. Sua história, no entanto, não se caracteriza por uma evolução sistemática. As atividades agrícolas e o extrativismo absorviam o pouco capital e a mão-de-obra, dando margem apenas às indústrias caseiras, à agroindústria do açúcar, a pequenas indústrias no litoral e aos estaleiros em que se construíam embarcações de madeira.

Essa situação se prolongou durante o primeiro e o segundo reinados, em função das dificuldades impostas pela falta de transportes, pelo regime de escravidão e de latifúndio e pela própria política da metrópole. As autoridades portuguesas proibiram as atividades manufatureiras, pois, segundo entendiam, desviavam a capacidade produtiva das iniciativas realmente importantes -- a produção das mercadorias de exportação, em particular o pau-brasil no século XVI, o açúcar no século XVII, e ouro, prata e pedras preciosas no século XVIII. Os alvarás que notificavam a população das proibições eram ostensivamente elaborados para proteger as manufaturas portuguesas que, no entanto, não tinham capacidade para suprir todo o mercado brasileiro, abastecido também pelos produtos ingleses transportados por barcos portugueses.

A primeira grande virada dessa política se deu quando a invasão napoleônica fez a família real deixar Lisboa e refugiar-se no Brasil. Estabelecido no Rio de Janeiro, D. João VI abriu os portos brasileiros às nações amigas, revogou os alvarás que restringiam a industrialização e instituiu isenções alfandegárias para as indústrias, às quais beneficiou também com recursos financeiros e com a contratação de técnicos europeus.

Os primeiros industriais brasileiros, contudo, enfrentaram graves dificuldades, pois, além de produzirem para um mercado pequeno, enfrentavam a concorrência dos produtos ingleses que chegavam ao Brasil a preços baixos, devido às módicas tarifas de importação. A situação amenizou-se quando, em 1814, o futuro imperador Pedro I assinou o decreto que abriu os portos brasileiros a outras nações, acabando com o virtual monopólio das importações inglesas.

Durante os séculos XVIII e XIX, as excelentes safras de café, algodão e fumo, embora possibilitassem a acumulação de capital benéfica para a indústria, afastaram o país da industrialização, cuja necessidade só se fez sentir com a crise da lavoura, em 1880. Outros fatores que fortaleceram o impulso industrializante foram a libertação dos escravos, em 1888, a proclamação da república, em 1889, o bom desempenho do café no final da década de 1880 -- que possibilitou a acumulação de capital -- e as facilidades de crédito concedidas pelos governos da época, a fim de enfrentar o desequilíbrio provocado pela extinção do trabalho escravo.

O processo de industrialização, porém, foi lento e só ganhou maior impulso durante a primeira guerra mundial, quando os produtos importados desapareceram do mercado e, com isso, estimulou-se a produção local. O processo desencadeou-se de fato somente após 1930, com a crise do café, a baixa do câmbio -- que facilitou a importação de equipamentos -- e um certo nível de acumulação de capital.

 

Na década de 1940 houve a primeira iniciativa industrial de vulto, em face das circunstâncias criadas pela segunda guerra mundial. Os Estados Unidos precisavam instalar bases aéreas no território brasileiro para o trânsito de seus aviões para a África e a Europa, e negociaram a implantação de uma unidade siderúrgica pertencente ao estado -- a

Companhia Siderúrgica Nacional

A usina de Volta Redonda RJ desempenhou importante papel para o desenvolvimento da indústria pesada nacional, propiciando a criação de novas indústrias e a expansão siderúrgica.

Da segunda guerra mundial ao começo da década de 1960, o ritmo da industrialização no Brasil foi intenso, em parte em conseqüência do dinamismo do governo Juscelino Kubitschek. Um passo importante em direção à industrialização autônoma foi a instituição do monopólio estatal do petróleo, com a criação da Petrobrás, em 1953.

A expansão do parque industrial brasileiro, iniciada com as indústrias de bens de consumo, procurou, a partir da década de 1970, atingir uma fase mais avançada, a da produção de bens de capital e materiais básicos indispensáveis à aceleração do ritmo do crescimento geral. Um dos setores industriais mais pujantes, no entanto, continuou sendo o automobilístico, estabelecido principalmente nas cidades paulistas do ABCD, que produzia, na década de 1990, mais de 600.000 veículos por ano.

Principais transformações provocadas pelo processo de industrialização: a) Concentração industrial da região Sudeste (49%), especialmente no estado de São Paulo (57%). b) Acentuadas disparidades regionais e sócio-econômicas devido a essa concentração espacial. c) Estabelecimento de uma Divisão Territorial do Trabalho baseada no modelo centro X periferia; o Sudeste se consolidou como região de atração de população e capital e as demais regiões tornaram-se mercados consumidores e fornecedores de mão-de-obra e de matérias-primas e alimentos a preços baixos. d) Grande mobilidade inter-regional da população, especialmente o fluxo de trabalhadores que se dirigem do Nordeste para o Sudeste. e) Forte participação do capital estrangeiro nos setores mais dinâmicos da economia brasileira. f) Grande endividamento externo do pais decorrente do esforço para financiar as indústrias de base e a infra-estrutura. g) Industrialização tardia e dependente do capital internacional. h) Integração territorial através de eixos rodoviários em detrimento dos outros meios de transportes. l) Forte presença do Estado no processo de industrialização. j) Consolidação da cidade de São Paulo como principal centro de gestão da economia nacional e com forte ligação à economia mundial, o que lhe confere o status da "cidade global".

 

 

 

Sub-categorias

Endereço em transição - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil       celula

Telefone temporário: +55 31 994435552

Horário de Atendimento - Home Office

O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

Todos os direitos reservados © 2010 - 2016