Exportações no vermelho

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A queda das exportações e o crescimento das importações, principalmente de petróleo e derivados, levaram a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) a mudar drasticamente sua estimativa de resultado para a balança comercial brasileira em 2013.

A entidade, que em dezembro de 2012 previa um superávit de US$ 14,620 bilhões para este ano, agora aposta num déficit de US$ 2,008 bilhões. O Brasil não tem déficit comercial desde o ano 2000, quando as importações superaram as exportações em US$ 732 milhões.

Na avaliação da AEB, a redução das vendas externas se deve à aceleração da queda dos preços das commodities em geral, aliada à diminuição da quantidade embarcada de petróleo, óleos combustíveis, milho e algodão. A entidade estima que neste ano as exportações deverão ficar em US$ 230,511 bilhões, valor 5% inferior ao registrado em 2012. Já as compras do exterior atingirão US$ 232,519 bilhões, uma alta de 4,2%.- Sei que a previsão é ousada - disse José Augusto de Castro, presidente da AEB, acrescentando que suas projeções são "até otimistas". A AEB apontou alguns fatores que justificam, pelo menos até agora, o aumento das importações. Citou a menor taxa cambial vigente no primeiro semestre, a regularização dos registros de importação de petróleo, a expectativa de expansão do consumo interno e a manutenção do elevado custo Brasil.

Mas Castro acredita que as compras no exterior crescerão menos no segundo semestre, por causa da alta do dólar e de recentes sinais de freio no consumo interno. Do lado das exportações, ele defende a adoção de medidas que aumentem a competitividade das exportações brasileiras.

- Isso é imprescindível, embora não haja praticamente nada a se fazer em relação às exportações - disse ele.

Para Castro, a tradicional volatilidade nas cotações de commodities está sendo substituída por um viés de baixa lento e contínuo dos preços. No entanto, ele observou que as projeções da AEB foram elaboradas com base no cenário atual e estão sujeitas a oscilações, especialmente no caso de eventual desaceleração do crescimento econômico da China e aprofundamento da crise na União Europeia. Tratam-se dos dois principais destinos das exportações brasileiras de commodities .

Ele destacou a elevada participação das matérias-primas na pauta de exportações, acima de 65%, cujos preços estão sujeitos a fatores fora de controle do Brasil. Isso, destacou, torna instáveis os resultados da balança comercial.

O governo continua apostando em um superávit para este ano. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), entre os fatores que permitem fazer essa previsão está o bom desempenho do agronegócio.

Essa avaliação é a mesma do secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto. Ele lembrou que, enquanto no primeiro semestre a balança comercial geral, ou seja, que abrange todos os produtos vendidos no exterior pelo Brasil, apresentou um déficit de US$ 3 bilhões, as exportações do agronegócio superaram as importações em US$ 42 bilhões.

- Nos últimos doze meses, as exportações do agronegócio atingiram cerca de US$ 100 bilhões.

Outras consultorias já começam a rever para baixo suas estimativas para a balança. A Tendências divulgará novos números semana que vem. Segundo o economista da Tendências Felipe Salto, a estimativa atual é de um superávit de US$ 9,5 bilhões.

- Ainda não sabemos qual será a redução, mas ainda apostamos em um superávit - disse Salto.

Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), disse que já rebaixou sua projeção de saldo para a balança comercial duas vezes este ano. A última, feita em março, era de US$ 13 bilhões. Em sua opinião, o crescimento das importações de petróleo e derivados será determinante este ano. Ele lembrou que a Petrobras adiou para o primeiro semestre de 2013 o registro de compras realizadas no exterior ainda no ano passado, com um impacto em torno de US$ 5,4 bilhões.

- A única boa performance esperada é a das exportações agrícolas, apesar dos preços em queda, a quantidade embarcada deve aumentar.

Nos bastidores, há uma briga interna entre o Mdic e o Ministério da Fazenda. Preocupada com a inflação, a área econômica defende a redução das tarifas de importação de insumos, como aço, fertilizantes e químicos. Em outra ponta, as restrições às compras externas em medidas de defesa comercial são inexpressivas em relação ao total importado.

Fonte: O Globo

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