Brasil está consumindo menos vinho

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Após o acordo celebrado no fim de 2012 com importadores, distribuidores e supermercados sobre a entrada de importados, os vinhos finos nacionais voltaram a ganhar, ainda que modestamente, terreno no mercado interno. Mas a desaceleração da economia fez o consumo da bebida cair de forma geral e colocou água nos números do setor.

Conforme o Instituto Brasileiro do Vinho, as vendas de vinhos finos no país recuaram 3,9% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. Os importados caíram 4,1%, enquanto os nacionais tiveram queda um pouco mais suave, de 3,1%. Com isso, fica mais difícil a meta de obter um crescimento mais encorpado neste ano.

A boa notícia para as vinícolas brasileiras é que depois do acordo firmado no fim de 2012 com importadores, distribuidores e supermercados em troca da retirada do pedido de salvaguardas contra os importados, os vinhos finos nacionais voltaram a ganhar, ainda que modestamente, terreno no mercado interno. A má é que justo quando indústria e varejo conseguiram finalmente chegar a um entendimento para encerrar uma briga de vários anos, a desaceleração da economia fez o consumo cair e botou água nos números do setor.

Conforme o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), as vendas totais de vinhos finos no país recuaram 3,9% de janeiro a junho em comparação com o mesmo período do ano passado, para 38,383 milhões de litros.

 

Os importados caíram 4,1%, para 29,620 milhões de litros, enquanto os nacionais tiveram queda pouco mais suave, de 3,1%%, para 8,763 milhões de litros, e conseguiram ampliar levemente sua fatia de mercado de 22,6% para 22,8%, revertendo o comportamento observado no primeiro semestre de 2012.

O problema é que o desempenho dos seis primeiros meses está muito aquém do que seria necessário para o cumprimento da meta prevista no acordo do ano passado, de vender 27 milhões de litros do produto nacional no mercado interno no acumulado de 2013. "Devemos ficar em 23 milhões de litros", diz o diretor executivo do Ibravin, Carlos Paviani.

Ainda assim, o desempenho não será nada desprezível. Se a nova estimativa de Paviani for confirmada, significará um incremento anual de vendas de 22,6%, depois da retração de 4% apurada em 2012 em comparação com o ano anterior. Para os importados, ele projeta uma queda de 5% a 6% no volume total a ser comercializado em 2013 no país, para cerca de 70 milhões de litros.

Conforme o diretor do Ibravin, a esperança é que os números dos vinhos nacionais melhorem no segundo semestre graças ao frio de julho e agosto, ao aumento do consumo no fim do ano e à provável alta dos preços dos importados com a desvalorização do real. O executivo conta ainda com a implantação gradual do acordo que garantiu a retirada do pedido de salvaguardas que havia sido feito pelas vinícolas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em 2012.

A negociação incluiu o aumento da oferta dos vinhos nacionais nas redes de supermercados, a realização de eventos de aproximação entre indústria, importadores e varejo (o primeiro ocorreu em Bento Gonçalves em fevereiro) e campanhas promocionais nos pontos de venda.

O acordo foi fechado, além do Ibravin, pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e pelas associações brasileiras de supermercados (Abras), de bebidas (Abrabe) e de importadores de bebidas (ABBA).

O vice-presidente da Abras, Márcio Milan, informa que o acordo já está sendo implementado pelas associações de supermercados no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Pará e será estendido gradualmente para outros Estados.

De acordo com ele, o varejo de autosserviço, formado por 83 mil pontos de venda no país, responde por cerca de 50% das vendas de vinhos finos nacionais e importados no mercado interno.

Nas praças onde o programa de estímulo ao vinho nacional já está mais avançado, o plano é fazer algumas promoções mais "agressivas" de preços ao longo do segundo semestre, com descontos entre 15% e 20%, diz o executivo. Segundo ele, "quatro ou cinco" entre as dez maiores redes de supermercados do país devem alcançar, até o fim do primeiro trimestre de 2014, a participação de 25% dos vinhos nacionais sobre o total das vendas, como previsto no acordo.

No lado dos importados, o vice-presidente da Abras diz que os preços devem sofrer reajustes entre setembro e outubro para compensar pelo menos parcialmente a variação do câmbio dos últimos meses. Até agora a desvalorização do real não teve impacto nos pontos de venda porque os supermercados ainda trabalham com produtos recebidos até maio, mas a partir de agosto as redes terão que iniciar a reposição de estoques já sob uma nova realidade cambial.

O presidente do conselho deliberativo da ABBA, Adilson Carvalhal Júnior, confirma que o câmbio ainda não foi repassado para o preço dos importados. Mesmo assim, ele reconhece que o mercado está mais retraído em função da conjuntura econômica "delicada" e entende que a queda dos importados no primeiro semestre também foi influenciada por antecipações de compras no fim de 2012, quando ainda se discutia a possibilidade da imposição de salvaguardas.

Apesar disso, Carvalhal Júnior afirma estar "otimista" com o futuro do acordo com as vinícolas nacionais. Além de projetar uma alta na venda de vinhos finos brasileiros para 40 milhões de litros em 2016, o plano do setor é aumentar o consumo per capita da bebida (considerando vinhos nacionais e importados, finos e de mesa) de 1,9 litro atualmente para 2,5 litros por ano no mesmo período. "O problema neste momento é o cenário pouco favorável", afirma.

Mas pior do que a conjuntura é a alta carga tributária, acrescenta o executivo. De acordo com ele, até 53% do preço dos vinhos nacionais e importados nos pontos de venda correspondem a impostos e contribuições estaduais e federais, sem contar as dificuldades criadas pelas diferenças de alíquotas e regimes tributários adotados em cada Estado. "Esta agenda está andando muito devagar porque depende dos governos e a situação [das contas públicas] não é favorável", acrescenta Milan, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Fonte: Valor Econômico

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