Total de empresas exportadoras brasileiras recua no semestre
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- 01/08/13
A quantidade de empresas brasileiras que exportaram no primeiro semestre caiu pelo sexto ano seguido. Mais de 70 companhias, sendo a maioria de pequeno e médio porte, deixaram de vender produtos ao exterior de janeiro a junho deste ano em relação a igual período de 2012.
Desde 2007, quando 16,9 mil empresas nacionais exportaram nos primeiros seis meses, esse número apresenta recuos, chegando a 15,1 mil no primeiro semestre deste ano.
A retração do comércio com a América do Sul, principalmente com a Argentina, explica grande parte da recente redução na quantidade de companhias brasileiras que vendem ao exterior, avaliaram especialistas. Por estar mais próxima, a Argentina é o principal ou o único mercado para algumas pequenas e médias empresas e, assim, restrições impostas pelo governo vizinho criaram barreiras para que empresas do ramo de calçados, confecções e móveis, por exemplo, conseguissem exportar no último ano, explicou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O número de empresas brasileiras que exportaram até US$ 1 milhão no primeiro semestre do ano recuou para 11.871, ante 11.932 mil em igual período do ano passado, o que representa quase toda a baixa na comparação, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Isso é reflexo da "redução de mercados importantes", como os países da América Latina que representam 50% das exportações das pequenas e médias empresas brasileiras, afirmou o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi. "Além disso, a demanda do mercado interno continua dinâmica. Não vamos dizer forte, mas dinâmica. E, quando pode, o empresário prefere se voltar para o mercado doméstico", completou.
Até a terceira semana de julho, as exportações brasileiras apresentaram uma retração de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Hoje, o Mdic divulgará os dados da balança comercial até o fim de julho.
O comércio internacional está mais retraído e mais competitivo, ressaltou Castro. "Se antes um câmbio a R$ 2 era ruim, agora, R$ 2,25 não significa que seja bom", disse. Para ele, se o real se desvalorizar ainda mais e ficar estável, por exemplo, em R$ 2,40 a queda de empresas exportadoras "pode ser estancada e ter um leve aumento".
Tanto a AEB como a CNI defendem mais medidas para estimular o setor produtivo a exportar. Por exemplo, sobre financiamento às exportações, Castro aponta dificuldades em conseguir garantia para que a operação financeira seja aprovada.
Para a CNI, são necessários novos acordos comerciais e a ampliação dos já existentes. "Também precisa aumentar as linhas de crédito para as pequenas e médias empresas, inclusive para acesso a capital de giro. É importante estudar com profundidade a questão da elevada carga tributária e todos os custos embutidos no valor final da mercadoria, porque esses custos alteram a competitividade do produto brasileiro", afirmou Abijaodi.
Fonte: Valor Econômico