Lucro da Vale tomba 84% no 2º trimestre com câmbio e China

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Pressionado pela escalada do dólar, a queda de preço do minério de ferro e a desaceleração da economia chinesa, o lucro líquido da Vale caiu para R$ 832 milhões no segundo trimestre do ano, um tombo de 84,3% em comparação ao mesmo período do ano passado (R$ 5,321 bilhões) e de 86,6% em relação ao primeiro trimestre de 2013 (R$ 6,201 bilhões).

O número ficou muito abaixo das projeções dos analistas do mercado, que previam lucro próximo de R$ 6 bilhões. Foi o pior resultado da mineradora desde o quarto trimestre de 2012, quando a companhia teve prejuízo de R$ 5,6 bilhões.

Como o resultado foi divulgado após o fechamento dos mercados, as ações da Vale foram influenciadas no after-market - horário de negociação após o pregão regular -, onde recuaram 5,27%, em Nova York, cotadas a US$ 13,29, depois de terem subido 2,04% no horário normal. No balanço, a companhia explicou que a valorização da moeda americana - que saltou de R$ 2,02 em 1º de abril para R$ 2,23 em 1º de julho, uma valorização de 10,4% - encareceu em reais o custo de sua dívida em moeda estrangeira. Esse impacto foi de R$ 4,172 bilhões, registrado no balanço como "câmbio e perdas monetárias". O lucro sofreu ainda por perdas com swap de moedas - contratos com moedas para pagamento futuro - (R$ 1,7 bilhão) e marcação a mercado dos títulos privados (R$ 175 milhões).

Em vídeo no site da mineradora, Luciano Siani, diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, disse que o câmbio teve impacto pequeno nos custos e despesas da empresa no segundo trimestre, porque a valorização da moeda foi mais acentuada em junho. Ele reconheceu, porém, que houve um "impacto muito grande na dívida", que soma US$ 29,8 bilhões.

A dívida da Vale é em sua grande maioria denominada em dólares e, portanto, a desvalorização do real traz um impacto. É uma despesa sem efeito caixa. Pelo contrário, o caixa se beneficia do câmbio desvalorizado. Mas do ponto de vista contábil registramos um lucro menor - disse Siani, acrescentando, porém, que a valorização da moeda americana "aumenta a competitividade da Vale para frente".

O lucro líquido básico - classificação que a Vale usa desde o quatro trimestre do ano passado para calcular os ganhos sem impactos extraordinários- foi de R$ 5,179 bilhões, queda de 28% frente ao primeiro trimestre deste ano e de 18,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

No balanço, a companhia informou que avalia a hipótese de adotar futuramente uma nova prática de contabilidade, chamada contabilidade de hedge , para minimizar a volatilidade do lucro contábil da empresa. É a mesma estratégia usada pela Petrobras, que divulga balanço amanhã.

No segundo trimestre, a Vale vendeu menos minério de ferro e por um preço menor. No balanço, informou que as vendas somaram 61,92 milhões de toneladas no segundo trimestre, por US$ 99,21 a tonelada. Em igual período do ano passado, as vendas foram de 62,978 milhões de toneladas, a US$ 112,44 por tonelada. A produção de minério de ferro somou 73,22 milhões de toneladas no segundo trimestre, baixa de 9,1% frente ao volume de igual período de 2012. A receita operacional foi de R$ 23,4 bilhões no segundo trimestre, queda de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

No mercado, analistas do Bradesco apostavam em vendas maiores, de 63,8 milhões. A corretora Citi previa a venda do minério por US$ 101 a tonelada, mais do que o realizado.

Segundo Henrique Kleine, analista da Magliano Corretora, o lucro foi abaixo das expectativas. Ele avalia, no entanto, que existem dados positivos por dentro do balanço.

- A geração de caixa foi positiva, assim como o volume de produção de minério de ferro, que veio em 73,2 milhões de toneladas, acima dos 70 milhões toneladas que esperava - disse.

Um dos dados considerados positivos foi a redução de custos, que teria compensado a receita menor da companhia. A Vale informou que cortou custos e despesas totais para R$ 1,58 bilhão no segundo trimestre em relação a um ano antes.

- A companhia vem sustentando resultados mesmo com ambiente mais desafiador, com a desaceleração da China e a queda de preços de algumas commodities , graças ao esforço interno de se tornar mais eficiente e competitiva - disse Siani.

Fonte: O Globo

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