Compra da Seara elevará alavancagem do JBS

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A alavancagem da brasileira JBS, maior exportadora global de carnes, aumentará com a incorporação da Seara, mas uma maior geração de caixa deve compensar a alta da dívida, disse ontem o presidente da companhia, Wesley Batista, um dia depois da divulgação dos resultados trimestrais.

Ao final do segundo trimestre, a JBS tinha alavancagem (relação dívida líquida/Ebitda) de 3,28 vezes. "Contando com o resultado da Seara, nós acreditamos que vamos estar com alavancagem abaixo de 4 vezes, mesmo após a aquisição", disse Batista.

O executivo ponderou que o endividamento poderá até ficar acima da média das empresas do setor, mas minimizou o impacto para a gigante do setor de carnes. "É natural que, com uma aquisição do porte da Seara, a alavancagem suba um pouco, mas estamos confiantes na capacidade da empresa de fazer caixa e trazer isso rápido para níveis atuais ou abaixo", disse. A meta da companhia, para o final de 2014, é reduzir a alavancagem para menos de 3 vezes.

A JBS comprou a Seara Brasil, antiga divisão de aves e suínos da Marfrig, em junho, em uma operação que envolveu a assunção de R$ 5,85 bilhões em dívidas e a levou à liderança global na produção de aves. Para o analista chefe da XP Investimentos, William Alves, a aquisição da Seara consolidou uma série de investimentos da JBS nos últimos anos, os quais a empresa deve colher frutos. Mas ele ponderou que será preciso olhar atentamente os resultados para ver se a empresa entrega o que propôs. "A experiência com Sadia e Perdigão mostrou que qualquer processo de fusão não é tão simples assim, que as sinergias não aparecem tão facilmente", disse Alves.

A operação ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ser finalizada, mas R$ 2,85 bilhões da dívida bruta já foram transferidos para a JBS, segundo informou a Marfrig ao divulgar seu resultado trimestral.

"Mais de 95% da dívida (da Seara) já está negociada, aprovada e aguardando aprovação do órgão regulador para formalizar a transferência da dívida", disse Batista aos analistas.

O executivo acrescentou que os bancos credores da Seara também são "parceiros" da JBS, e a expectativa é ter um perfil melhor do endividamento e uma redução de 2% no custo total da dívida.

Cerca de 80% da dívida consolidada da companhia é cotada em dólar ao custo médio de 6,95% ao ano. A política de hedge da empresa limitou as perdas pelo alta do dólar, que somaram cerca de R$ 270 milhões no período. "Nós "hedgeamos" e acertamos, porque tivemos um impacto pequeno comparando com a exposição cambial da empresa. Não fosse isso a perda poderia chegar a R$ 1 bilhão", disse Batista.

Empresa, que assumiu R$ 5,8 bi em dívidas da Seara, espera compensar endividamento maior com geração de caixa.

 

Fonte: O Estado de São Paulo

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