Centro-sul do Brasil deve produzir 11% mais açúcar em 2019/20, prevê INTL FCStone
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- 07/11/18
A produção de açúcar no centro-sul do Brasil deve crescer 11,2 por cento na safra 2019/20, que se inicia em abril do próximo ano, para 29,3 milhões de toneladas, com usinas alocando maior parcela de cana para a fabricação do adoçante dada a perspectiva de uma oferta mundial mais equilibrada, projetou nesta quarta-feira a INTL FCStone. Na atual temporada, a 2018/19, a produção da commodity na região caiu para 26,3 milhões de toneladas, de 36,1 milhões em 2017/18, afirmou a consultoria. No ciclo, as usinas privilegiaram o etanol, cuja remuneração tem sido mais atrativa.
Para o próximo ano, porém, o cenário começa a mudar. Isso se deve ao fato de o balanço de oferta e demanda na safra global 2018/19, iniciada neste mês, apontar para um superávit de apenas 1 milhão de toneladas, após 9,6 milhões na temporada anterior, destacou a INTL FCStone.
Outras consultorias, porém, já falam na possibilidade de um déficit.
"Mesmo ainda existindo muita incerteza quanto a estas previsões, o mercado de açúcar deve começar a precificar seus impactos sobre os futuros do adoçante ainda no primeiro semestre de 2019, com tempo mais do que suficiente para afetar o mix da safra 2019/20 no centro-sul", afirmou em relatório o analista João Paulo Botelho, da INTL FCStone.
A consultoria prevê que 39,7 por cento da oferta de cana irá para a produção de açúcar em 2019/20 no centro-sul, ainda o menor percentual desde 2008/09, mas acima dos 35,1 por cento de 2018/19.
Nesse cenário, a INTL FCStone projeta uma redução de 8,9 por cento na fabricação de etanol de cana, para 27,4 bilhões de litros, após 30,1 bilhões neste ano. Do total, 17,4 bilhões de litros seriam de hidratado (-16,7 por cento na comparação anual) e 10 bilhões de litros, de anidro (+8,9 por cento).
Segundo Botelho, usinas e destilarias devem impulsionar a produção de anidro, misturado em 27 por cento à gasolina, por causa da tendência de melhora no consumo de combustíveis graças à recuperação econômica do país.
A consultoria também espera 1,2 bilhão de litros de etanol de milho no próximo ano, avanço de 30,5 por cento.
A INTL FCStone prevê um processamento de cana praticamente estagnado em 2019/20 na comparação com 2018/19, de 564,7 milhões de toneladas —recuo de 0,4 por cento.
De acordo com Botelho, uma renovação inadequada dos canaviais deve acarretar mais uma vez em perda de produtividade —a consultoria estima uma idade média de 3,8 anos para as plantações no ano que vem.
"Além disso, a baixa atratividade da cultura canavieira tem levado muitos produtores a optarem pelo plantio de soja nas áreas de reforma, o que muitas vezes leva ao alongamento do ciclo de renovação. Em alguns casos isolados também houve troca de culturas para a oleaginosa.
Do lado climático, os prospectos são bons.
"Não há indícios de que as condições serão tão adversas quanto em 2018, quando precipitação muito abaixo da média entre fevereiro e julho levou a problemas graves no desenvolvimento dos canaviais. Pelo contrário, as chuvas fortes registradas entre setembro e outubro, e que devem se manter em novembro e dezembro, estão beneficiando o crescimento da cana que será colhida em 2019", disse Botelho.
A consultoria projeta 9,03 milhões de hectares de cana disponível para colheita em 2019/20, queda de 0,8 por cento.
O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) no próximo ano deve alcançar 137,1 quilos por tonelada de cana, recuo de 1,3 por cento.
Fonte: Reuters