Jair Bolsonaro toma posse como presidente
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- 02/01/19
Jair Bolsonaro tomou posse ontem, 1º de janeiro de 2019, tornando-se o 38º presidente da República do Brasil. A cerimônia de posse presidencial durou cinco horas, com discursos no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Após desfilar por Brasília ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ele e o vice-presidente, o general Hamilton Mourão, prestaram juramento à Constituição e assinaram o termo de posse diante de um plenário da Câmara dos Deputados lotado.
Nos dois primeiros pronunciamentos como presidente, Bolsonaro reforçou o discurso usado na campanha de combate ao "socialismo" e à "ideologia de gênero": "Essa é nossa bandeira e jamais será vermelha. Só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela", afirmou, diante de uma multidão que o assistiu recebendo a faixa presidencial de Michel Temer (PMDB).
A última solenidade da posse foi a recepção dos chefes de Estado, políticos, líderes religiosos, empresários e outros convidados no Palácio do Itamaraty, à noite. Donald Trump não veio, mas fez questão de postar mensagem no Twitter em aceno ao novo ocupante do Planalto.
No dia da posse, Bolsonaro assinou seu primeiro decreto como presidente, fixando o valor do salário mínimo em 998 reais. O valor é abaixo do previsto no orçamento da União, de 1.006 reais, e que foi enviado em agosto do ano passado ao Congresso pelo Governo de Michel Temer. Também editou sua primeira Medida Provisória com a reformulação dos ministérios e suas atribuições. O texto inclui mudança radical na maneira de demarcação das terras indígenas (antes com a Funai) e de quilombolas, que ficarão sob a batuta do Ministério da Agricultura.
A equipe de governo do presidente Bolsonaro:
Na escalação do time de Bolsonaro, militares da reserva.
General Augusto Heleno para ser os olhos e os ouvidos do presidente, no gabinete de Segurança Institucional. Um homem de confiança e que foi fundamental para a escolha dos outros comandos militares:
General Azevedo e Silva: Defesa.
General Carlos Alberto dos Santos Cruz: Secretaria de Governo
Almirante de Esquadra Bento Costa Lima de Leite Albuquerque Júnior: Minas e Energia
Tenente-Coronel Aviador Marcos Pontes: Ciência, Tecnologia e Comunicação.
Além do vice-presidente general Hamilton Mourão que terá uma função estratégica. Ele mesmo disse que vai comandar o que chamou de "centro do governo", o monitoramento de projetos tocados pelos ministérios.
Para combater a corrupção, Bolsonaro buscou a reputação da Lava Jato e nomeou Sérgio Moro para o superministério da Justiça e Segurança Pública, que ganhou mais poder com a vinda do Coaf, órgão de inteligência fundamental contra a lavagem de dinheiro.
Mas na Esplanada, o homem que ganhou do presidente Bolsonaro carta branca para montar a equipe e também um plano para reerguer a economia do país foi Paulo Guedes. Uma missão nada fácil - o novo governo recebe as contas no vermelho - com um rombo previsto de R$ 159 bilhões. Mais de 12 milhões de pessoas sem emprego e um sistema produtivo travado, o crescimento da economia não passou de pouco mais de 1%.
O superminstério da Economia sob o comando de Paulo Guedes é uma fusão dos ministérios da Fazenda e Planejamento. Vai agregar também a Receita Federal e parte do Ministério da Indústria e Comércio Exterior. Paulo Guedes nomeou seis secretários para funções estratégicas. E indicou o presidente do Banco Central Roberto Campos Netto, com status de ministro.
Bolsonaro também trouxe nomes técnicos e ligados à política. Osmar Terra, do MDB na Cidadania, uma fusão de Esporte, Cultura e Desenvolvimento Social.
Gustavo Canuto, servidor público, no Desenvolvimento Regional, uma fusão dos ministérios da Integração Nacional e Cidades. Tereza Cristina, do Democratas, na Agricultura. O diplomata Ernesto Araújo, nas Relações Exteriores. Luiz Henrique Mandeta, do Democratas, na Saúde.
O professor Ricardo Vélez Rodrigues: Educação.
O servidor público Tarcísio Gomes de Freitas: Infraestrutura.
Marcelo Alvaro Antonio do PSL: Turismo
A assessora parlamentar Damares Alves: Mulher, Família e Direitos Humanos.
Ricardo de Aquino Sales do Partido Novo: Meio Ambiente
André Luiz de Almeida Mendonça: Advocacia-Geral da União
Wagner Rosário, funcionário de carreira da CGU na Transparência.
Gustavo Bebianno, do PSL, partido do presidente, para a Secretaria-Geral da Presidência.
E na Casa Civil, Onyx Lorenzoni, do Democratas, que coordenou o governo de transição e preparou o terreno para formar a base aliada no novo Congresso.
O governo afirma que a relação com o Congresso será diferente. Vai buscar apoio sem toma lá dá cá, sem dar cargos ou verbas em troca de votos.
Durante a transição, a equipe de Bolsonaro recebeu mais de 300 parlamentares de dez bancadas.
Pelas contas do chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni, a base do governo na Câmara hoje conta com 250 dos 513 deputados e no Senado com pouco mais de 40 dos 81 senadores. Números que ainda não dão garantia ao governo para aprovar projetos importantes.
"É pouco agora né, que é 1º de janeiro. A gente está mudando, né? Assumindo agora. Nós temos um mês ainda e consolidando e ampliando o que a gente já tem. Eu não tenho dúvida nenhuma que instalado o novo Congresso, com o diálogo a gente vai chegar tranquilamente a 350 votos na Câmara e 50 talvez até mais votos, bem mais votos do que 50 no Senado", disse Onyx Lorenzoni.
Onyx falou em construir um pacto político com a oposição para aprovar as reformas necessárias: "Não é uma tarefa só de quem está no governo. A oposição é muito importante porque ela nos ajuda a corrigir eventuais equívocos e erros. Mas nós precisamos unir todo mundo. Vários países do mundo que passaram por dificuldades fizeram pactos políticos. Partidos de oposição e situação se uniram na salvação do país", concluiu.
Fonte: G1/El País