BRF diz que impacto de restrições da Arábia Saudita será de no máximo R$ 45 milhões
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- 23/01/19
A BRF disse nesta quarta-feira (23) que as restrições da Arábia Saudita à importação de carne de frango, anunciadas na véspera, devem impactar seu faturamento em no máximo R$ 45 milhões durante três meses, período que levará para normalizar as vendas para o país. A perda estimada é equivalente a 0,1% da receita líquida nos 12 meses encerrados em setembro. Segundo a fabricante de alimentos, o embargo atinge apenas uma de suas fábricas, em Lajeado (RS), que exportava cerca de 6,5 mil toneladas por mês ao mercado saudita.
"A companhia já iniciou os ajustes necessários em sua cadeia produtiva e estima que, em no máximo 3 meses, retomará o mesmo patamar de embarques para a Arábia Saudita", disse a BRF em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A BRF continua com 8 fábricas autorizadas a enviar frango ao país: 3 próprias, 4 da subsidiária SHB e uma do Frigorífico Nicolini, que terceriza sua produção para a empresa. A companhia diz que a capacidade de produção dessas unidades é suficiente para atender à demanda.
As ações da BRF caíram 5% na terça-feira.
A Arábia Saudita, maior comprador de carne de frango brasileira, barrou a importação de 5 dos 30 frigoríficos brasileiros que exportavam para o país. A decisão foi tomada após uma inspeção técnica feita em outubro passado pela autoridade sanitária saudita Saudi Food and Drug Authority (SFDA), de acordo com o Itamaraty.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que os motivos da proibição foram "técnicos", sem especificar quais seriam eles.
Agora, 25 frigoríficos estão autorizados a exportar para a Arábia Saudita. Segundo o Ministério da Agricultura, essas unidades responderam por 63% das vendas de frango do Brasil para aquele país em 2018, o que corresponde a 437 mil toneladas.
Em 2018, o Brasil enviou para a Arábia Saudita 486,4 mil toneladas de carne de frango, o equivalente a 12,1% do total embarcado no ano. A China foi o segundo maior mercado e, na última segunda, acertou com exportadoras um acordo para encerrar uma disputa por conta do preço do produto.
Veja os 10 maiores importadores:
Maiores importadores de carne de frango do Brasil
País | Quantidade exportada em 2018 | Participação no total | |
1 | Arábia Saudita | 486,4 mil toneladas | 12,1% |
2 | China | 438 mil toneladas | 10,9% |
3 | Japão | 397,9 mil toneladas | 9,9% |
4 | África do Sul | 331 mil toneladas | 8,2% |
5 | Emirados Árabes | 309,7 mil toneladas | 7,7% |
6 | União Europeia | 263,4 mil toneladas | 6,6% |
7 | Hong Kong | 211,7 mil toneladas | 5,3% |
8 | Kwait | 123,2 mil toneladas | 3,1% |
9 | Coreia do Sul | 113,1 mil toneladas | 2,8% |
10 | México | 111,2 mil toneladas | 2,8% |
A carne comprada pela Arábia Saudita segue os princípios do Islã tanto no abate, quanto na produção e é chamada de halal. Para produzir esse tipo de carne, empresas brasileiras tiveram que adaptar suas fábricas e efetivo.
Os animais devem ser mortos com o peito direcionado para a Meca e os sangradores têm que ser muçulmanos praticantes, por exemplo. O Brasil é o maior exportador de frango halal do mundo.
Fonte: G1