ANP: Brasil deve dobrar produção e reserva de óleo em dez anos

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A diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, afirmou, nesta quarta-feira (28), em audiência pública, que o Brasil deve dobrar a produção e a reserva de petróleo do país nos próximos dez anos. A perspectiva vem a partir da descoberta, principalmente, de petróleo na camada do pré-sal. A audiência aconteceu em reunião conjunta das Comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Assuntos Econômicos (CAE).

Segundo Chambriard, o Brasil tem hoje 15 bilhões de barris de reserva aprovada de óleo e produz cerca de 2,5 milhões de barris de óleo e líquido de gás natural (LGN) por dia. A diretora afirmou que será um esforço muito grande dobrar a produção e a reserva do país, o que vai demandar muito investimento. "O setor petróleo, no período 2013 a 2016 vai investir cerca de R$ 405 bilhões. Isso é sensivelmente maior que diversos outros setores extremamente importantes da nossa economia", afirmou ela, citando pesquisa do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

De acordo com Chambriard, o esforço para dobrar a produção e a reserva de petróleo está sendo feito por meio de uma política de conteúdo local. Essa política prevê que, para se ter direito a explorar e produzir petróleo no Brasil, as empresas se comprometam em adquirir os bens e serviços necessários para essa exploração e produção na indústria brasileira.

"Essa indústria brasileira apoiada por essa política de conteúdo local já vem dando resultado. Nós já temos revigorada a indústria naval brasileira e já temos estaleiros trabalhando para esse setor petróleo desde o Nordeste do Brasil até o Sul", exemplificou.

A diretora da ANP afirmou ainda que o país está a um passo de se tornar exportador de tecnologia submarina. Além disso, os contratos para exploração e produção de petróleo obrigam as empresas a investirem em pesquisa e desenvolvimento. Segundo Chambriard, entre 1998 e 2012, foram investidos R$ 7,5 bilhões em pesquisa pelo Brasil, o que deve mais que dobrar para os próximos dez anos.

"Para os próximos dez anos, nós vamos investir mais de R$ 20 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Isso é um auxílio a essa política de conteúdo local e uma inserção de tecnologia importantíssima para o Brasil via contratos de produção e exploração de petróleo", acrescentou.

Magda Chambriard informou que, em 2013, houve uma rodada de licitação para exploração de petróleo fora da área do pré-sal, em maio, e haverá ainda mais duas: a do pré-sal, em outubro, e outra, novamente fora do pré-sal, em novembro.

A primeira rodada do ano contemplou 11 estados brasileiros, sendo dez do Nordeste e do Amapá, no Norte. A intenção do governo foi descentralizar o investimento exploratório, que geralmente se concentra no Sudeste. A licitação ocorreu sob o regime de concessão.

"Vocês nunca ouviram falar do Piauí como um estado com possibilidade de exploração e produção de petróleo e gás. A partir de agora vão ouvir. O Amapá também nunca tinha aparecido nesse circuito. Vai começar a aparecer", disse.

A outra licitação em regime de concessão será feita em novembro e também vai contemplar as regiões Norte, Nordeste, além de Centro-Oeste e Sul. Os contratos serão para exploração e produção de gás natural. Segundo a diretora da ANP, os estudos da agência de 2007 para 2013 mostram que o gás no Brasil pode estar principalmente em terra. Ela citou a Bacia do Paraná, que fica em baixo de oito estados brasileiros, o Mato Grosso, e o Acre, como alguns dos locais onde há estudos de presença do gás natural.

A licitação do pré-sal, localizado nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo, será feita em 21 de outubro sob regime de partilha. Segundo Chambriard, o edital prevê um bônus de assinatura de R$ 15 bilhões, um programa exploratório mínimo e compromissos de conteúdo local. O edital também determina que a Petrobrás será operadora obrigatória, com 30% de participação.

"Isso quer dizer que, se a Petrobrás for ao leilão ou não for, ela vai ter, de cara, 30%. Mas ela tem que ir ao leilão para aumentar a sua participação. Em qualquer dos dois casos, ganhando ou não, a Petrobrás precisa pagar por esses 30% o valor da oferta vencedora", explicou.

Questionada pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) sobre qual seria o melhor modelo de contrato, se por concessão ou partilha, a diretora da ANP não quis dar sua opinião, mas afirmou que a diferença é que, pela partilha, a União pode ter um retorno maior do que geralmente tem no contrato de concessão. "A partilha permite que, no pré-sal, eu ajuste a economicidade do projeto a cada oportunidade exploratória", disse.

Questionada pelo senador Blairo Maggi, se as previsões do pré-sal podem estar erradas, a diretora da ANP disse que, na indústria do petróleo, há 15% de chance de acertar e 85%, de errar. Para Chambriard, o mercado financeiro precisa se acostumar com as características de risco da exploração de petróleo.

"Quando a gente fura um poço pioneiro numa jazida, é como se tivesse uma esponja imensa do tamanho do Maracanã, onde você fura um poço em alguma posição dessa esponja e esse poço tem a dimensão de um canudinho de Coca-cola. Através desse canudinho eu pretendo conhecer o Maracanã inteiro. É mais ou menos isso", comparou.

Mas ela disse que dados de abril levantados pela ANP mostram que o campo de Libra, no pré-sal, é substancialmente maior do que o previsto. No início do ano, a ANP previa que Libra poderia produzir de 5 bilhões de barris. Agora, a previsão é que seja de 8 a 12 bilhões.

Segundo a diretora, o óleo e o poço em Libra foram testados, e a perspectiva é de que produza de 25 a 30 mil barris de petróleo por dia. Ela disse que a área está bem definida, tem dados atualizados, poço perfurado e testado e que se sabe exatamente quanto vale o óleo no mercado.

Chambriard também não quis opinar sobre a destinação dos recursos do pré-sal quando questionada pelo senador Eduardo Suplicy, mas afirmou que pode ser muito dinheiro e que o país precisa aumentar muito a infraestrutura para aproveitar a riqueza do pré-sal.

Fonte: Jornal do Brasil

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