Caixa e frigoríficos planejam captar recursos no exterior

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Terminadas as férias de verão do hemisfério norte, que reduzem drasticamente os negócios, companhias e bancos brasileiros voltam a sondar o mercado de bônus. A Caixa Econômica Federal prepara uma emissão de US$ 2,5 bilhões, que deve ser lançada até o fim deste mês.

Os frigoríficos Marfrig e JBS também têm planos de captar recursos no exterior. Nos dois casos, o objetivo é usar o dinheiro para recomprar dívidas passadas, mais caras, e alongar os prazos.

Apesar da sinalização dessas companhias, interlocutores do mercado de dívida dizem que os investidores ainda estão seletivos. O desempenho dessas operações, portanto, dará uma sinalização importante para outras empresas que têm planos de emitir bônus. A operação da Caixa ainda está em fase de estruturação e pode envolver bônus híbridos, embora por ora as negociações considerem só notas seniores. O vencimento ainda não foi definido. Em maio, o vice-presidente de finanças da instituição, Márcio Percival, disse ao Valor que estava em estudo uma emissão de dívida perpétua. Porém, desde então, o mercado mudou e a volatilidade aumentou.

Os bônus da Caixa estão em queda desde meados de maio, quando começou o movimento de venda generalizada de ativos de países emergentes diante da expectativa de redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos. No fim da tarde de ontem, os papéis da Caixa com vencimento em 2022 eram negociados no mercado secundário a 80,5% do valor de face. No início do ano, valiam 103,53%. Segundo um operador do mercado, se a nova emissão for avaliada com base nessa curva de rendimento, o banco terá de arcar com um custo mais elevado.

Apesar da piora no cenário para captações, Marfrig e JBS poderão reduzir o custo de suas operações em relação ao momento em que fizeram as emissões que planejam rolar, afirma um gestor de recursos que atua no mercado de bônus.

A Marfrig deu início ontem a uma rodada de apresentações a investidores para sondar o mercado a respeito de uma captação de US$ 600 milhões em uma emissão de bônus seniores com vencimento em 2021.

O maior questionamento dos investidores, de acordo com fonte a par do assunto, está relacionado à venda de ativos da Seara para a JBS. Eles querem saber de que forma a operação altera os limites de crédito do grupo.

Com parte dos recursos dos bônus, a Marfrig pretende recomprar os títulos de uma emissão com vencimento em 2016, no valor de US$ 375 milhões.

A agência de classificação de risco Fitch atribuiu nota "B/RR4" e perspectiva negativa à possível emissão da Marfrig. A Standard & Poor"s deu rating "B" com perspectiva positiva. Bradesco BBI, BTG Pactual e Credit Suisse vão coordenar a operação.

Em junho, a Marfrig anunciou a venda da Seara Brasil e da Zenda à JBS por R$ 5,85 bilhões. O pagamento será feito por meio da assunção de dívidas.

A JBS, por sua vez, informou ontem que planeja fazer uma oferta privada de US$ 400 milhões em notas com vencimento em 2021. Paralelamente, contratará um empréstimo de US$ 400 milhões.

Com os recursos, a companhia pretende recomprar os bônus de uma emissão de US$ 700 milhões que vence em 2014 e têm cupom de 11,625%. A operação será feita por meio da subsidiária JBS USA.

A oferta pública de recompra vale até 30 de setembro. A JBS ofereceu US$ 1.047,79 para cada US$ 1.000 em bônus. Aos investidores que aderirem até o dia 16, serão pagos US$ 1.067,79 para cada US$ 1.000 em títulos.

Para fazer a nova emissão, a companhia solicitou aos detentores dos bônus de 2014 uma revisão nas cláusulas que restringem a tomada de endividamento adicional pela companhia.

A JBS afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto. Caixa e Marfrig não se manifestaram até o fechamento desta edição.

Fonte: Valor Econômico

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