"Crescimento chinês" do RS é variação de cenário negativo de 2012

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O crescimento de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul (RS), registrado no segundo trimestre de 2013, foi anunciado com muito entusiasmo pelo governador Tarso Genro, que comparou o resultado da economia gaúcha a um "pibão chinês". A variação, no entanto, está relacionada aos prejuízos acumulados com a estiagem do ano passado, que derrubaram o PIB a -5,3%, no mesmo período. No primeiro semestre deste ano, o crescimento foi de 8,9%, a mesma taxa registrada, por exemplo, em igual período de 2010.

De acordo com o economista da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser Jefferson Colombo, o crescimento é alto, mas costuma ser comum em anos subsequentes a secas. Em 2012, cerca de 160 cidades entraram em estado de emergência por conta da falta de chuva. "É um crescimento alto, mas ao mesmo tempo, é comum no ano subsequente a estiagem. A estiagem derruba a quantidade produzida e ofertada de grãos, e no ano seguinte, o Rio Grande do Sul, historicamente, costuma ter taxas bastante altas", explica Colombo. A estiagem do ano passado produziu resultados catastróficos para a economia gaúcha. O PIB acumulado nos primeiros seis meses de 2012 teve resultado negativo, de -3,3% em comparação a 2011. O crescimento de 15% registrado de abril a junho de 2013 é resultado de uma comparação com a queda de -1,2% ocorrida no mesmo período de 2012.

Essa diferença no PIB em anos subsequente a períodos de estiagem ocorre pela força que a agropecuária tem na economia gaúcha. Em 2013 ocorreu aumento de 111,7% no setor, impulsionado pela produção de soja (114,6%) e milho (69,6%), que reflete no aumento da produção industrial, uma vez que o Estado é um grande produtor de alimentos, transporte, para o escoamento da produção, e máquinas agrícolas.

No entanto, o crescimento do PIB não necessariamente reflete no aumento da arrecadação por parte do Estado. Para cobrir o déficit no caixa, o governo gaúcho, amparado por legislação estadual, tem sacado dinheiro de depósitos judiciais. Neste ano foram cerca de R$ 4,5 bilhões direcionados para o caixa único, que, segundo a Ordem dos Advogados do Rio Grande do Sul (OAB-RS), pode afetar mais de um milhão de pessoas, já que não existe previsão de reposição desses valores.

Em maio desde ano, quando governo já havia sacado R$ 4,2 bilhões em depósitos judiciais, o Secretário de Fazenda Odir Tonollier justificou que o saque era "um procedimento de rotina utilizado por todos os governos". Segundo ele, a receita do Estado é de R$ 23 bilhões. Mas ao mesmo tempo, a dívida pública é de R$ 42 bilhões, sendo que a União é a credora de mais de 90% dessa dívida.

Fonte: Terra

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