Lixões no Brasil geram 27 milhões de toneladas de CO2 no planeta, diz estudo

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Os cerca de 3 mil lixões que ainda existem no Brasil lançam cerca de 27 milhões de toneladas de CO² equivalentes por ano, segundo um levantamento feito por especialistas da Orizon Valorização de Resíduos, empresa responsável por fazer a gestão de diversos ecoparques no país. O CEO da Orizon, Milton Pilão, que está em Glasglow, na Escócia, para participar da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Mudanças Climáticas, a COP26, explicou que a destinação ambientalmente adequada dos resíduos e o beneficiamento desses materiais são capazes de contribuir significativamente com a redução das emissões que causam o efeito estufa.

O setor de saneamento é uma grande fonte de produção de gás metano no Brasil, com o equivalente a 90MtCO2eq por ano, o que representa 5% das emissões brasileiras. Dentro desta conta, 58 MtCO2eq por ano vem de aterros sanitários e lixões clandestinos.

"O Brasil, como uma grande nação em desenvolvimento, tem em suas mãos a chance de ser um dos principais atores nesta cruzada, dado os números impactantes que acumula. Somos 'donos' de grande parte da maior reserva florestal do mundo, a Amazônia, e temos os importantes desafios na área de saneamento (na agenda urbana de desenvolvimento), sendo o quinto maior emissor de gás metano do mundo. Esses dois pilares têm igual magnitude e relevante impacto ao meio ambiente", afirma Pilão.

"O país já anunciou na COP a redução de 30% de emissões de metano até 2030 e 5% pode vir do setor de saneamento. Estamos muito atrasados neste quesito: o Brasil ainda convive com quase 3 mil lixões clandestinos — quase 45 milhões de toneladas por ano de resíduos são despejados ilegalmente em locais sem qualquer proteção ao meio ambiente", completa o executivo.

Encerramento de lixões
Pilão participará, ao lado de lideranças de outras empresas dos setores de energia e saneamento, do painel "Avançando na Descarbonização Corporativa — Sinergias Públicas e Privadas e Futuras Estruturas Regulatórias", na próxima sexta-feira, 5 de novembro.

O CEO vai apresentar metas de contribuição da Orizon Valorização de Resíduos com geração de crédito de carbono e mostrará que o encerramento de lixões reduzirá 27 milhões de toneladas de CO²eq emitidos anualmente no Brasil.

Entre as propostas que serão apresentadas na Conferência, está a criação de uma fonte de financiamento específica para a destinação e tratamento dos resíduos. Segundo o executivo, o lixo precisa ser transformado, em larga escala, em energia limpa, biogás renovável, insumos industriais reciclados, crédito de carbono etc.

Além do ar, o despejo ilegal de lixo no meio ambiente causa severos danos ao solo, aos lençóis freáticos, rios e mares.

"Se a COP26 conseguir regulamentar o mercado de créditos de carbono, a partir da aprovação do Artigo 6, o crédito advindo de aterros pode ser a ferramenta que motive o setor privado a trazer mais financiamento para fechamento dos lixões, através da criação de valor relacionado a ativos ambientais gerados do tratamento dos resíduos, em alinhamento ao que diz o novo Marco do Saneamento. O poder público não tem condições financeiras nem capacidade técnica para resolver este problema, especialmente porque a solução é complexa e requer expressivos aportes de capital para o seu desenvolvimento", diz Pilão.

Atualmente, o Brasil produz cerca de 80 milhões de toneladas de lixo todos os anos e 50% disso ainda vai para locais de despejo ilegal. O potencial de mercado é enorme e a contribuição ambiental que o setor de tratamento e beneficiamento de resíduos sólidos pode dar é ainda maior.

"São mais 2,1 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente que deixam de ir anualmente para a atmosfera, a partir da valorização de resíduos em nossos ecoparques. Seria o mesmo que plantar quase 20 milhões de árvores ou retirar mais de 1 milhão de carros das ruas anualmente. Já geramos mais de 6 milhões de créditos de carbono, mas não estamos satisfeitos. Nossa ambição é chegar em 2030 tendo superado os 50 milhões tCO2eq", explica o CEO da Orizon.

Fonte: G1

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