BRF reduz oferta externa de carne de frango para elevar preço

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A BRF, maior exportadora global de carne de frango, tem reduzido suas exportações do produto, com vistas a melhorar os preços, uma vez que a grande oferta tem "estragado" o mercado externo.

"A BRF vai exercer posicionamento de líder no mercado", disse o presidente-executivo da BRF, Cláudio Galeazzi, ao comentar a estratégia da empresa durante uma conferência para comentar os resultados do terceiro trimestre.

A BRF citou redução de vendas externas no terceiro trimestre especialmente para o Oriente Médio, em decorrência dos altos estoques de frango inteiro na região.

"Nós somos líderes no Oriente Médio, e em vez de puxar os preços, estávamos contribuindo para que eles caíssem", explicou. Ele afirmou ainda que a redução da oferta da empresa no quatro trimestre é "pequena". E destacou que a companhia vai produzir de acordo com a demanda.

"Se a demanda reagir, vamos acelerar a produção", declarou Galeazzi, explicando que isso vale especialmente para o mercado externo.

O corte na oferta é previsto em 200 mil toneladas, de um total de cerca de 7 milhões de toneladas que a companhia comercializa anualmente em alimentos.

O processo de redução já começou neste ano, mas a meta é que ele seja concluído em 2014.

Questionado em entrevista após o evento sobre eventuais problemas decorrentes da redução da oferta, como perda de mercado num cenário em que se tem os Estados Unidos como grande competidor, Galeazzi disse que o país não é fornecedor tão relevante para o Oriente Médio como o Brasil.

"Eles de fato estão tendo uma safra espetacular e um aumento de produção, mas eles visam principalmente o crescimento no mercado interno e outros mercados que nós necessariamente não estamos", disse Galeazzi.

Os Estados Unidos estão em segundo na exportação de carne de frango, atrás do Brasil. O país é líder na produção de milho, insumo de maior peso no custo de produção avícola.

A BRF divulgou na segunda-feira lucro de 287 milhões de reais no terceiro trimestre, três vezes maior que um ano antes, mas abaixo da expectativa de analistas e da própria companhia.

As ações da companhia fecharam com baixa de 3,8 por cento na véspera. Nesta terça-feira, os papéis da companhia caíam 2,3 por cento às 14h48, enquanto a Ibovespa perdia 1 por cento.

MERCADO INTERNO

Sobre o mercado interno, a BRF afirmou ver dificuldades no repasse marginal de preços, segundo o diretor vice-presidente de Finanças, Administração e Relações com Investidores da empresa, Leopoldo Saboya.

Segundo ele, o preço do farelo de soja subiu muito, pressionando custos, porque as exportações do grão foram muito elevadas, deixando a oferta para processamento interno ajustada.

Ao mesmo tempo, segundo ele, os preços do milho seguem sustentados internamente, apesar da safra recorde que o Brasil teve na última temporada, encerrada em julho.

"Temos visto grande retração de grãos nas mãos de produtores, ora porque eles estão mais capitalizados, ora porque o câmbio favorece a exportação", disse. No caso do milho, ele acrescentou que os programas de apoio à sustentação do preço mínimo também contribuem para que o produtor limite as vendas.

Segundo ele, este é o cenário que está levando a empresa a um dilema na rentabilidade. "Isso está afetando nossa rentabilidade, nós estamos conseguindo manter, mas nós não conseguimos ir além, como era nosso plano", disse Saboya.

Na apresentação aos analistas, o executivo estimou que a empresa deve encerrar o ano com um crescimento nas vendas mais perto de 10 por cento, e não em até 12 por cento como inicialmente previsto.

"Nosso alívio de custo foi passageiro... Se considerarmos outros insumos importantes e até a expectativa de eventual aumento de combustíveis, a pressão inflacionária continua e talvez seja até um pouco maior", disse.

Parte do corte previsto nas vendas externas deverá ser revertido para o mercado interno, sendo direcionado para a produção de alimentos processados.

Este é justamente um dos segmentos em que a empresa pretende reforçar atuação, mas enfrenta aí outro dilema, que é a menor disposição dos compradores de aceitarem repasses de custo.

"Não precisamos fazer repasses como no ano passado, mas o fato é que estamos tendo dificuldades mesmo para repasses marginais", disse o vice-presidente.

Segundo ele, as empresas do setor, cadeias de restaurante e redes de food service estão buscando matéria-prima a um custo unitário mais baixo.

Fonte: Reuters

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