Em reunião do Diálogo Estratégico, Brasil e Nigéria tratam do comércio bilateral e de segurança
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- 28/11/13
O comércio bilateral, marcado por um expressivo superávit em favor dos nigerianos, foi um dos principais temas abordados pelos vice-presidentes do Brasil, Michel Temer, e da Nigéria, Mohamed Namadi Sambo, após a abertura do Mecanismo de Diálogo Estratégico Brasil-Nigéria, com a participação de ministros de várias áreas, de ambos os lados. O tema foi tratado em maior profundidade no Fórum Comercial e de Investimentos Brasil-Nigéria, iniciado dia 25, no Rio de Janeiro.
O deficit crescente no comércio com a Nigéria é motivo de preocupação para o governo brasileiro. Este ano, as exportações brasileiras para a Nigéria somaram US$ 709 milhões, enquanto as vendas nigerianas, de petróleo quase essencialmente, ultrapassaram a cifra de US$ 8,398 bilhões e geraram um saldo de US$ 7,689 bilhões.
No período, as exportações nigerianas cresceram 39,75% em comparação com igual período do ano passado. Enquanto isso, as pouco expressivas exportações brasileiras para o país africano despencaram 16,98%. Por tudo isso, os números do comércio bilateral e, principalmente, os saldos acumulados pela Nigéria que totalizam mais de US$ 42 bilhões entre 2006 e outubro deste ano ocuparam lugar de destaque nas conversações que autoridades brasileiras e nigerianas, em Brasília.
O desequilíbrio na balança bilateral também está sendo um dos principais assuntos do Fórum Comercial e de Investimentos Brasil-Nigéria, iniciado dia 25 e que irá até a sexta-feira, no Rio de Janeiro. Um dos principais objetivos do evento é divulgar, entre empresários brasileiros, oportunidades de negócios na Nigéria.
Na abertura da 1ª Sessão do Mecanismo de Diálogo Estratégico bilateral, no Palácio Itamaraty, foram definidos os assuntos prioritários para as próximas reuniões anuais. A área de segurança foi outro setor que mereceu grande destaque tanto nas conversas entre os dois vice-presidentes quando no decorrer da reunião.
Os nigerianos mostraram interesse em adquirir equipamentos de defesa do Brasil, o que pode ajudar a reduzir o déficit comercial brasileiro. O vice-presidente Sambo disse que seu país tem interesse na aquisição de equipamentos da indústria de defesa brasileira, entre eles o avião Super Tucano da Embraer. O ministro da Defesa, Celso Amorim, incluiu no acordo atividades no Centro de Instrução de Guerra na Selva, sediado em Manaus, e o Centro Conjunto de Operações de Paz, no Rio de Janeiro.
Temer disse que as discussões entre os dois países foram divididas em nove eixos temáticos que devem ser aprofundados nas próximas reuniões: agricultura, segurança alimentar e desenvolvimento rural; comércio e investimentos, energia, inovação e defesa; cultura, temas jurídicos e consulares e infraestrutura. O vice-presidente destacou a importância da Nigéria para o país e as oportunidades de negócios.
"A Nigéria é o principal parceiro comercial do Brasil no continente Africano. O Brasil é o primeiro destino das exportações da Nigéria. Mais de 50% do petróleo que importamos vêm da Nigéria. A Nigéria, ficou muito claro na reunião de hoje, oferece oportunidade a várias empresas brasileiras de infraestrutura e de energia que lá queiram fazer suas aplicações e seus trabalhos", disse Temer. Para incrementar os investimentos brasileiros no país, que tem muita carência na área de infraestrutura e energia, está sendo estudada a abertura de um escritório do BNDES lá.
Outro tema abordado no Diálogo Estratégico foi a transferência para seu país de origem de 377 nigerianos condenados por crimes praticados no Brasil, e que cumprem pena nos presídios brasileiros.
De acordo com o governo brasileiro, uma subcomissão envolvendo os ministérios da Justiça dos dois países deve buscar uma solução para os presos nigerianos no primeiro semestre de 2014. Além disso, deve ser fechado acordo para troca de informações na área de inteligência, para ajudar investigações brasileiras, principalmente no combate ao tráfico de drogas, crime pelo qual vários nigerianos foram condenados no Brasil. Uma das propostas é que um agente da Polícia Federal se instale na Nigéria para tornar mais rápida a troca de informações.
Fonte: Comex