Mato Grosso sustenta oferta e mantém firme mercado do boi

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Mato Grosso foi fundamental para a oferta de bovinos para abate, e consequentemente, para o mercado de carne brasileiro.

Mesmo com aumento da demanda interna e externa pelos cortes bovinos, o segmento respondeu com volumes, mas ainda às custas do abate de fêmeas, algo que segue sendo indigesto sobre o setor e ameaçando a oferta futura de bezerros, ou seja, dos bois gordos dos próximos anos.

Conforme análise do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o ano de 2013 encerrou com resultados positivos, tanto sob o ponto de vista da oferta, mesmo havendo muitas fêmeas descartadas, como do ponto de vista da demanda, e dos preços, movimento este último que tinha todos os fundamentos primários para sucumbir ao grande volume de abates, mas ainda assim remunerou de maneira real o criador, algo que há tempos não se registrava no Estado. Segundo os dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea/MT), em 2013 foram abatidas, até novembro, 5,56 milhões de cabeças de bovinos, 0,72% mais que o total de 2012 (5,52 milhões de cabeças). "Entretanto, a oferta de bovinos à indústria foi realizada com envio elevado de fêmeas, representando em 2013 45,9% do total abatido até novembro", aponta os analistas. Na outra ponta do mercado, a demanda foi elevada durante o ano de 2013, com reflexos das melhoras nas economias mundiais e também do mercado interno.

No contexto internacional, as exportações de carne in natura estão em 202,45 mil toneladas, 3,12% menos que o recorde de 2010. No mercado nacional, a demanda interna apresentou bons indicadores, a começar pela taxa de desocupação da população, medida pelo IBGE, que variou de 4,6% até 6% em 2013, nível baixo e que favorável o consumo, inclusive de carne bovina.

Oferta e demanda - Em 2013 o descarte elevado de fêmeas foi evidente, registrando o pico em março e uma média no primeiro semestre de 53% de fêmeas no total abatido de bovinos em Mato Grosso. Considerando o recorde de abates, como frisa o Imea, houve uma conjuntura favorável à pressão sobre os preços, porém, o que se viu foi o oposto e os preços da arroba do boi gordo valorizaram 11,97% de janeiro para dezembro, 6,34 pontos percentuais mais que a inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA.

"Assim, houve ganho real nos preços do boi gordo em 2013, um fato importante para o bovinocultor de corte que há tempos está com suas margens apertadas".

Relação de troca - Em 2013 os resultados da bovinocultura de corte em Mato Grosso foram distintos entre os sistemas de criação. A começar pela cria, que em apenas duas microrregiões o preço de venda da arroba foi maior que o Custo Operacional Total (COT), ou seja, maior que todos os custos da atividade. Já a engorda apresentou um cenário positivo para todas as microrregiões analisadas.

Nas três microrregiões que adotam o ciclo completo, apenas Vila Rica apresentou preços da arroba acima do COT. Em Matupá e na Baixada Cuiabana os valores recebidos pela arroba cobriram somente o Custo Operacional Efetivo (COE), ou seja, apenas os custos variáveis da atividade. "É notável que a engorda foi o único sistema que apresentou ganhos, sendo exatamente o contrário para a cria. Porém, o abate elevado das fêmeas nos últimos três anos já causa reflexos na oferta e nos preços do gado de reposição, gerando expectativas de melhora da margem do criador no futuro".

Perspectiva 2014 – O ano de 2014 já começou e quem atua no mercado do boi gordo deve começar seu planejamento e a estruturar suas estratégias para o ano vindouro, como aconselham os analistas do Imea. "Nesse sentido, as dúvidas que surgem são em relação à oferta de boiadas à indústria, a demanda por carne bovina e, claro, os preços da arroba".

Com relação à oferta, não se deve verificar mais um ano recorde (5,80 a 6,0 milhões) como em 2013, sendo provável que menos bovinos sejam abatidos, principalmente as fêmeas, que há três anos estão inflando as escalas em Mato Grosso. Para a demanda as expectativas são melhores, isso porque os principais players do Brasil e de Mato Grosso (EUA, Austrália e Argentina) passam por ajustes negativos nas suas respectivas ofertas, favorecendo os exportadores nacionais.

Além disso, as cotações do dólar futuro na Bolsa apontam preços acima de R$ 2,30/US$ no primeiro quadrimestre, ou seja, a carne produzida Brasil afora continuará competitiva em relação aos demais players. "A conjuntura atual indica que os preços vão subir em 2014 e isso já está precificado na Bolsa, em São Paulo. A cotação média dos contratos abertos com vencimentos em 2014 é de R$ 111,99/@, descontando-se o diferencial de base, espera-se uma arroba em Mato Grosso ao redor de R$ 97,43, em média".

Fonte: SBA1

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