Restrição da Argentina ainda impacta em compras de trigo

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O controle argentino às exportações de produtos agrícolas por causa da inflação interna do país tem afetado o Brasil principalmente na compra de trigo neste início de ano. Os moinhos brasileiros do Sul e Sudeste têm feito desembolsos maiores para comprar o cereal dos EUA, que é taxado em 10% pela Tarifa Externa Comum (TEC), enquanto os embarques controlados de trigo do país vizinho não chegam.

Na última sexta-feira, a tonelada de trigo do Kansas, nos EUA, chegou à Região Sudeste valendo R$ 947, acima do valor da tonelada de trigo que saiu do porto de Up River, na Argentina, cotada a R$ 933 no mesmo dia, de acordo com informativo da Safras & Mercado.

Após meses de bloqueio às vendas externas do cereal, Buenos Aires anunciou há duas semanas a liberação imediata de 500 mil toneladas para o mercado externo. Porém, as primeiras entregas nos portos brasileiros só devem chegar nesta semana, embora agentes do mercado afirmem que algumas cargas já desembarcaram em janeiro. As 500 mil toneladas fazem parte do 1,50 milhão de toneladas que o governo argentino liberou para este ano até o momento. O objetivo do controle dos embarques é garantir um abastecimento mínimo interno para segurar o avanço da inflação.

Porém, o analista da Bolsa de Cereales da Argentina, Maximiliano Arpi, afirmou ao DCI que a liberação de um volume maior não prejudicaria os preços internos. "Poderíamos exportar três milhões de toneladas", acredita. A Argentina está no final da colheita de uma safra estimada em 10,10 milhões de toneladas, o que dá e sobra para assegurar o consumo local, estimado em cerca de 6,50 milhões de toneladas.

Para o Brasil, o volume total liberado até o momento deve garantir o abastecimento dos moinhos brasileiros até março, segundo Marcelo Vosnika, presidente conselho deliberativo da Associação Brasileira da Indústria do (Abitrigo). "De abril para frente, a situação continua preocupante, porque vamos depender da Argentina liberar mais ou não". Se não houver mais liberações, a indústria terá que voltar a buscar o trigo norte-americano, mais caro, para se abastecer.

O abastecimento de trigo costuma ocorrer no começo do primeiro semestre, quando é colhido o trigo da Argentina, Paraná e Rio Grande do Sul. No ano passado, o cereal argentino foi responsável por 70% das compras externas dos moinhos brasileiros, com 2,45 milhões de toneladas no período. Apenas nos três primeiros meses, os produtores da nação vizinha venderam à indústria nacional 1,53 milhão de toneladas - praticamente o mesmo volume que deve ser adquirido neste ano no mesmo espaço de tempo. O problema, segundo Vosnika, é a imprevisibilidade da política argentina para as commodities.

No caso da soja, a restrição para exportar vem sendo feita pelos produtores argentinos, que têm preferido segurar as sacas do grão ao invés de comercializá-las por pesos, já que a moeda sofreu uma forte desvalorização na semana passada e a inflação continua subindo. A moeda argentina se desvalorizou em 18,5% neste mês, 16% em uma semana, segundo consultoria norte-americana.

"Se eles tiverem dificuldade, o Brasil poderia entrar no mercado de farelo deles, mas não seria algo significativo, porque nosso consumo interno de farelo é alto e nosso destino maior é a Europa", diz Fabrício Rosa, diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja).

Fontes do mercado estimam que os produtores locais ainda guardem 8 milhões de toneladas de grão de soja da última safra, a cerca de um mês para o início da colheita da nova safra argentina.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria

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