Prejuízos na soja em MT podem chegar a R$ 430 milhões
- Detalhes
- 27/02/14
Os prejuízos diretos dentro das lavouras podem chegar a 500 mil toneladas, segundo revelou ontem a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT). Em reais, seriam aproximadamente R$ 430 milhões que deixariam de circular na economia local. A entidade estimou este volume considerando as áreas que não puderam ser colhidas, no momento certo, nas últimas semanas em razão da intensidade das precipitações.
E as perdas podem ser multiplicadas, como adverte o diretor técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas. Devido ao atraso na retirada dos grãos do campo, os produtores podem perder tanto na qualidade da soja, como em ocasião da logística caótica das estradas e filas para entregar as cargas. "As áreas que não foram colhidas podem resultar, num primeiro momento, em grãos com menos qualidade, ou seja, mais umidade e ardidos. Num segundo momento, o acumulado de áreas prontas para a colheita gera um volume diário maior de grãos para serem entregues às empresas, causando filas e trânsito pelas estradas que foram danificadas ainda mais pelas chuvas", explica Nery. Conforme a Aprosoja/MT, em Mato Grosso, 501,27 mil hectares deixaram de ser colhidos no tempo ideal, entre 14 a 21 de fevereiro. Segundo levantamento feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 487 mil toneladas seriam perdidas numa situação extrema, considerando uma perda média de 30% da área referida.
Considerando a situação extrema com 30% nas perdas, a queda na produtividade seria de 1,8%, derrubando a média estadual para 53,02 sacas por hectare e a produção para 26,39 milhões de toneladas, ao invés das 26,88 milhões previstas para o Estado. Os prejuízos financeiros atingiriam R$ 438 milhões.
Num cenário mais moderado, seriam 5% de perdas, ou seja, haveria uma queda de produtividade de 0,3%, com média de 53,84 sacas por hectare e uma produção de 26,79 milhões de toneladas, resultando em um prejuízo financeiro de R$ 73,14 milhões.
A projeção feita pelo Imea foi baseada no potencial de colheita e no número real colhido, assim foi possível uma tabela de sensibilidade, que varia entre de 5% e 30% de possíveis perdas na área que não pôde ser colhida. "Este levantamento é uma fotografia de perdas possíveis em razão dessas chuvas concentradas, ou seja, só vale para estes 501 mil hectares que não puderam ser retirados do campo", explica o analista de grãos do Imea, Angelo Ozelame.
Colheita– Entre os dias 14 e 21 deste mês, foram colhidos, em Mato Grosso, 903,31 mil hectares, uma média de 129,05 mil hectares por dia. No entanto, poderiam ter sido colhidos 1,4 milhão de hectares, de acordo com a quantidade de soja pronta para ser retirada do solo e do potencial do maquinário que o produtor detém.
Chuvas - As chuvas entre os dias 14 a 24 de fevereiro têm um acúmulo maior comparando com a série histórica em todos os municípios avaliados. Sinop recebeu um volume de chuvas 99% maior, Sorriso 24% maior, Campo Novo do Parecis, 33% e Diamantino, 58%, segundo dados da Somar Meteorologia, com elaboração do Imea.
Desde a última segunda-feira, com a melhora do tempo, foi possível colher em algumas regiões, assim a colheita deve avançar ainda mais sobre os 8,3 milhões de hectares plantados com soja nesta safra 2013/2014, no Estado. Apesar da semana de atrasos, a evolução dos trabalhos de extração dos grãos ainda está à frente dos últimos anos. O tempo no momento é o fator determinante para retirada da soja das lavouras e será decisiva para a margem de renda do sojicultor mato-grossense.
Fonte: Diário de Cuiabá