Vale: Não há espaço para minério abaixo de US$ 110 a tonelada

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O diretor de ferrosos e estratégia da Vale , José Carlos Martins, não vê espaço para uma queda sustentável - por um período de ao menos três meses - do preço do minério de ferro abaixo de US$ 110 por tonelada.

Em teleconferência com analistas realizada na manhã desta quinta-feira, Martins afirmou que deve ocorrer a entrada de oferta adicional australiana de 100 milhões de toneladas de minério este ano. Mas o executivo não acredita em dificuldades para o mercado absorver esses volumes.

Segundo ele, a melhora no preço médio do minério de ferro negociado pela empresa no quarto trimestre - US$ 112,97 contra US$ 105,58 no trimestre anterior - foi consequência da estabilidade dos preços no mercado à vista, e das negociações de contratos diretos com clientes que estavam vencidos. "Toda vez que vencem os contratos, temos condições de conseguir preços melhores, principalmente em cenário de preço melhor", disse Martins.

O executivo acrescentou que o investimento em novas plantas de processamento de minério na região de Itabira (MG) vão proporcionar melhora na qualidade dos sistemas Sul e Sudeste, reduzindo os descontos nos minérios de alta sílica (com maior presença de impurezas).

Ativos

Durante a teleconferência, o presidente da Vale , Murilo Ferreira, disse que a empresa mantém a mesma proposta de trabalho de 2013 em relação à venda de ativos. "O programa de desinvestimentos continuará forte", afirmou.

Ferreira afirmou que do ponto de vista financeiro há operações de venda de ativos realizadas em 2013 que ainda terão repercussão no caixa da companhia este ano.

A empresa não deverá registrar, porém, a mesma entrada de recursos com os desinvestimentos verificada no ano passado, quando a venda de ativos somou US$ 6 bilhões.

Ferreira disse que a Vale continua com o mesmo cronograma anunciado em dezembro em relação à venda de uma participação societária no Corredor Nacala, ferrovia para transporte de carvão e outros produtos em Moçambique, na costa leste da África. O objetivo é concluir essa operação até o fim do primeiro semestre.

A Vale também analisa a entrada de sócios com participações minoritárias no negócio de carvão. E estuda parcerias na área de fertilizantes.

Este segmento está, porém, um pouco mais atrasado do que os outros. Ferreira disse que a empresa ainda precisa construir "cenários" para os fertilizantes. A Vale continua comprometida em entregar algum acordo nessa área no segundo semestre.

China

A Vale prevê que as reformas postas em andamento pela China -relacionadas à necessidade de se controlar a dívida dos governos locais, entre outros fatores de ajuste -podem tornar o setor siderúrgico chinês "menos vibrante" no país neste ano em comparação a 2013. No ano passado, a indústria do aço cresceu 8%, acima do ritmo econômico chinês como um todo, que registrou um crescimento de 7,7% no PIB.

"À medida que se aumente o controle sobre os orçamentos dos governos locais, espera-se uma desaceleração nas obras de infraestrutura. Mas, por outro lado, o setor imobiliário deve continuar crescendo, amparado pelo processo de urbanização, que deve impulsionar vendas de moradias e novas construções", observa a Vale , no comunicado sobre os resultados de 2013.

"O setor automotivo também tem espaço para se expandir no país. A demanda por máquinas e equipamentos deve crescer também à medida que custos trabalhistas aumentem na China", diz o texto divulgado na noite de ontem.

"Do ponto de vista ambiental, preocupações com a poluição estão levando a indústria siderúrgica a descontinuar algumas usinas ineficientes e reduzir a capacidade de sinterização e de pelotização", prossegue o texto. "Estas medidas já aumentaram a demanda por minério de ferro de maior qualidade, lumps e pelotas a partir do segundo semestre de 2013".

Apesar do cenário menos favorável na China, a Vale prevê crescimento da demanda mundial por minério em 2014 para sustentar a expansão global da produção de aço, mesmo que em ritmo inferior ao aumento da produção siderúrgica visto em 2013.

"Quanto à oferta, acreditamos que a produção global de minério de ferro neste ano continuará crescendo, principalmente em razão da Austrália, e em menor escala, do Brasil e da Índia", diz o comunicado.

Fonte: Ecofinanças

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