Brasil deve reduzir importação de trigo com safra do Paraná

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Após a queda de preços no milho, produtores do Paraná decidiram aumentar em torno de 200 mil hectares a área de plantio do trigo. O estado já é detentor da maior e melhor produção do cereal no País. A ideia é fomentar a triticultura na região e diminuir em um milhão de toneladas o volume do produto importado. Isto reduziria a dependência das importações, de alto custo para o País, feitas para atender a demanda por fabricação de farinha branca.

De acordo com o analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, o preço do milho "safrinha" estava muito baixo para os produtores e ainda houve quebra por problemas climáticos. "Tínhamos 970 mil hectares de trigo plantado e isto deve subir para até 1,2 milhão de hectares. O trigo é uma cultura de risco, mas se tudo correr bem podemos ter uma safra boa na colheita que começa a partir de agosto", explica. O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, afirma que, com este aumento de área para plantio, o Paraná voltará a ser o maior produtor de trigo no País.

"De março até agosto, devemos ter uma demanda em torno de 5 milhões e 500 mil toneladas. As importações no setor devem ficar na média de 4,5 milhões e, destas, 3 milhões vêm apenas dos Estados Unidos", diz. Segundo Pih, em agosto este cenário pode mudar devido a disponibilidade do trigo nacional.

O executivo conta que o preço do trigo norte- americano, acrescido de impostos e frete, chega a São Paulo por US$ 455 por tonelada. O argentino custa em torno de US$ 450 por tonelada, então, se o produtor nacional exigisse até R$ 1.000,00 por tonelada, ainda estaria na paridade do mercado, mas ainda não possui produção suficiente para atender a demanda.

"O câmbio está comportado em US$ 2,35, mas o preço do trigo foi mais forte que a queda no câmbio e é provável que isso seja repassado à cadeia a partir do mês de abril", avalia Pih.

Com o aumento na produção do Paraná, Pih projeta um avanço de 2 milhões de toneladas na produção da triticultura nacional. "Além disso, o clima nos Estados Unidos preocupa e tem elevado os preços do produto no mercado externo", lembra. Em 30 dias, o cereal acumula valorização de 15,4% na Bolsa de Chicago.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, a Argentina liberou cotas de 3 milhões de toneladas de trigo para exportação e o Brasil é um dos principais importadores, em função de um acordo de isenções fiscais com países do Mercosul.

"Se essas cotas não fossem liberadas para o Brasil, o preço do produto nacional reagiria e beneficiaria o produtor. O novo ministro da Agricultura, Neri Geller, já disse que, se depender de seu ministério, não haverá mais isenções", afirma Jardim. Para Mafioletti, da Ocepar, faltam políticas públicas de incentivo à produção do trigo no Brasil, não só no Paraná como em outros estados, como os da região central do País.

Factrigo

Já tramita na Assembleia Legislativa, projeto de lei (455/2013) do deputado José Riva,, que institui o Fundo de Apoio à Cultura do Trigo (Factrigo), com o objetivo de estimular a pesquisa, a produção e industrialização do trigo, a exemplo do que ocorreu com outras culturas como a soja. "A região tem potencial de plantio em 100 mil hectares no Mato Grosso, mas ainda estamos em processo de análise", diz o secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), Luiz Alécio.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria

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