Empresários querem reduzir custo Brasil antes da abertura de mercado a europeus

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O Brasil terá de se tornar mais competitivo no mercado internacional ao mesmo tempo em que se prepara para maior abertura de seu próprio mercado. Essa foi a principal mensagem transmitida nesta quarta-feira (23) aos integrantes da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul) por empresários da Coalizão pela Competitividade da Indústria de Transformação, durante café da manhã realizado no Senado, que teve como tema principal o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Até o final de maio, representantes dos dois blocos econômicos deverão trocar cartas com as respectivas ofertas para o acordo de livre comércio. Caso as negociações sejam bem-sucedidas, haverá um prazo de 15 anos até que 90% do comércio entre os blocos se tornem livre de tarifas. Esse prazo, segundo representantes da indústria, será fundamental para que se reduza o chamado "custo Brasil", que diminui a capacidade de competição da indústria nacional por meio de alta tributação, complicada burocracia e precária infraestrutura. - Se hoje entrássemos no ringue para uma luta greco-romana, seríamos como um lutador com febre e pé quebrado enfrentando o gigante europeu. Como a luta vai começar mesmo em 15 anos, precisamos alcançar hoje um compromisso interno de enfrentar o custo Brasil, que retira a competitividade sistêmica do país - disse o presidente eleito da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, integrante da coalizão.

A metáfora da luta greco-romana foi considerada "apropriada" pelo ministro Ronaldo Costa, diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores e principal negociador brasileiro do acordo com a União Europeia. Em sua opinião, o governo, os parlamentares e os representantes do setor privado estão em sintonia na negociação com os europeus, que, por sua vez, como informou, também temem a competição com os países do Mercosul no mercado agrícola.

O presidente da Representação Brasileira no Parlasul, deputado Newton Lima, considerou a negociação do acordo uma "oportunidade extraordinária" para a ampliação do comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Ele concordou com os empresários, no entanto, sobre a necessidade de se promover um esforço para garantir maior competitividade à indústria nacional.

- Vamos ter que trocar os pneus com o carro andando - alertou Lima.

O vice-presidente brasileiro no Parlasul, senador Roberto Requião, demonstrou, por sua vez, preocupação com o acordo em negociação. Em sua opinião, os países europeus, ainda em crise, estão buscando nos mercados dos países que integram o Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela - uma saída para a exportação de seus produtos.

Vice-presidente da representação, o senador Paulo Bauer observou, durante o debate, que no caso da negociação entre os dois blocos econômicos, "não há oposição ou situação", mas sim a defesa dos interesses brasileiros. A seu ver, é preciso criar uma "relação comercial duradoura", com regras estáveis, para não impor dificuldades aos empresários. Também participaram da reunião os senadores Wilder Morais e Ana Amélia.

Fonte: Agência Senado

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