Embrapa Agroenergia pretende monitorar a qualidade do biodiesel
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- 05/06/14
Em parceria com diversas instituições, a Embrapa Agroenergia desenvolverá um estudo com a proposta de monitorar toda a cadeia produtiva do biodiesel e identificar problemas que podem alterar a qualidade do produto.
O objetivo é verificar desde a etapa de produção - na usina -, passando pelo armazenamento, transporte, distribuição até os postos de combustíveis. Dessa forma, será possível identificar os problemas de degradação, adulteração ou contaminação que surgem nos processos e saber quais são atribuídos ao biodiesel e quais têm relação com a produção ou o manuseio, práticas de transporte, estocagem etc. Segundo a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Itânia Pinheiro, por meio da pesquisa será possível conhecer ainda mais sobre a cadeia produtiva, o comportamento do combustível e assim propor medidas e metodologias para reduzir ou minimizar os problemas.
Até o momento, o monitoramento é feito seguindo as orientações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), ou seja, apenas na fase inicial (usina) e na final (postos de combustíveis). "A gente quer rastrear toda a cadeia e também estocar o combustível para tentar verificar quais são os problemas que ocorrem. Vamos utilizar diversas metodologias e ferramentas que auxiliem nessa busca", enfatiza. De acordo com Itânia, a ideia para a realização do estudo surgiu exatamente da necessidade e dos apontamentos das pessoas que atuam em todas as áreas ligadas ao biocombustível. "Realizamos um workshop que reuniu toda a cadeia produtiva do setor, onde eles puderam mostrar e falar dos problemas que acontecem. Além disso, sabemos que o biodiesel tem uma composição um pouco diferente do diesel, embora com características semelhantes. Mas é um biocombustível com solvência diferente, maior capacidade de absorção de água. Isso faz com que tenha suas particularidades. Essas questões motivaram a pesquisa", destaca.
O estudo foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e agora está em fase de aguardar a liberação de recursos para o início das pesquisas. "Não adianta a gente coletar amostras e iniciar outros processos, se precisamos dos recursos, por exemplo, para construção de tanques de estocagem.
Monitoramento
A partir da liberação dos recursos, o estudo terá início e será realizado por uma equipe de 18 profissionais, principalmente da área química e de microbiologia. São profissionais ligados à Embrapa Agroenergia, ANP, Instituto Nacional de Petróleos (INP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com a pesquisadora, a previsão é de desenvolver o estudo em dois períodos distintos: chuvoso e de seca. Serão dois anos de pesquisa, sendo dois para monitoramento e um para conclusão.
Além disso, pela questão de favorecimento de logística e de coleta, a proposta é monitorar o biodiesel na região Centro-Oeste. "Pode ser que durante o projeto a gente tenha condições de avaliar outros pontos em áreas mais críticas, mas isso não está previsto e nem contemplado no projeto", diz. Ela reforça que a escolha do Centro-Oeste se deve também pela questão do tempo bem distinto entre chuvas e secas, favorecendo o estudo já que a água é um dos maiores problemas que estimulam a degradação em relação à contaminação microbiana.
Metodologia
Itânia explica que a resolução da ANP não contempla a análise microbiana. Alguns estudos já foram feitos para verificar a degradação e a contaminação microbiana, só que por meio de técnicas de cultivo. "Nós pretendemos usar a abordagem de metagemônica, que identifica pelos genes presentes toda a comunidade microbiana, tentando relacionar o que poderia causar ou degradar o combustível. Além disso, a gente tem alguns contaminantes que a norma não contempla. Por isso vamos desenvolver outras metodologias para verificar esses contaminantes.
Fonte: Canal-Jornal da Bioenergia