Expectativa da safra dos EUA ainda pressiona soja em Mato Grosso
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- 25/06/14
O mercado mato-grossense da soja segue com tendência baixista, refletindo as expectativas do mercado externo, expectativas essas que estão sendo regidas pelo bom desenvolvimento da safra norte-americana, país campeão na oferta mundial do grão.
O preço da saca recuou 3,51%, encerrando a última semana a R$ 55. Como destacam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), essa tendência deve continuar enquanto houver boas notícias vindas dos Estados Unidos.
Essa pressão, como destaca o Imea em seu Boletim da Soja, divulgado na última segunda-feira, é o impacto da nova safra que vai sendo preparada para entrar no mercado. "O bom desenvolvimento da safra 2014/15 dos Estados Unidos já mexe com o mercado externo de grãos. A semeadura da soja naquele país atingiu 92% de conclusão, apresentando ritmo mais adiantado que a média dos últimos cinco anos, como também em relação ao ano passado". O mercado também reflete as informações vindas do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) que aponta que 73% das lavouras de soja estão em condições boas ou excelentes, superando os 64% registrados em igual momento de 2013. "Esses fatos aumentam as chances de confirmação de safra cheia para o maior produtor mundial de soja na próxima temporada.
Se isso se confirmar, preços menores para o próximo ciclo podem surgir", advertem os analistas do Imea. No atual momento, há uma tendência de pressão sobre os preços considerando o atual cenário externo que aponta para uma boa safra norte-americana. "Mesmo que isso ainda não esteja confirmado, as expectativas já pressionam os preços internacionais da soja, refletindo sobre as cotações em Mato Grosso", Estado que oferta a maior produção brasileira da oleaginosa.
Esse peso sobre as cotações, que afetam muito a formação dos custos para nova safra estadual – que começa a ser cultivada em setembro – também mexe com o grão no mercado disponível, ou seja, a soja que ainda não foi comercializada do ciclo atual, 2013/14. "Dentro deste contexto, as boas oportunidades de negócios que possam surgir a partir de agora não podem ser dispensadas pelos produtores". Orienta o Imea.
Além da força contrária que vem do Hemisfério Norte, o Imea chama à atenção para a relação frete/preço da soja que na última semana elevou para 26,54%. Dois fatos contribuíram para este cenário: a alta no preço do frete de Sorriso a Santos para R$ 240/t e o recuo nas cotações internas do grão. Esse percentual indica que quase 27% do valor da saca vai para pagar o frete.
O momento é no mínimo de atenção porque os custos de produção para o novo período, 2014/15, em Mato Grosso, apontam para um novo recorde e diante desse contexto a margem de lucro do produtor fica cada vez mais estreita, o que exige muito profissionalismo não apenas para extrair grandes produtividades, mas especialmente, comprar bem os insumos e vender melhor ainda a produção.
Conforme o Imea já havia reforçado, no final de maio, antes de as informações vindas dos Estados Unidos ganhassem mais corpo, a cotação local estava em cerca de R$ 57/sc – na semana passada veio para R$ 55 – o que garantia uma relação de troca de 25,5 sc/ha para cobrir as despesas com os insumos. Ou seja, os insumos básicos como sementes, fertilizantes e defensivos, vão consumir – dentro dessa cotação – cerca de 25,5 sacas de soja por hectare para se plantar. "Quanto mais o preço da saca cai, mais a relação de troca fica negativa ao produtor, porque ela aumenta.
Ele precisa dispor de mais sacas para cobrir os mesmos hectares". No atual patamar dos preços futuros o produtor ao travar a venda antecipada, estaria comprometendo mais de 60% da produtividade esperada para poder plantar.
Conforme o Imea, o custo de produção da soja para o novo ciclo é projetado inicialmente em um desembolso total de R$ 2.452,70/ha para a soja transgênica e de R$ 2.437,78/ha para a variedade convencional. A despesa com os insumos (sementes, fertilizantes e defensivos) participará com mais da metade do total gasto na produção da oleaginosa, tanto na transgênica como na convencional, com a participação de 60% do total gasto com a produção. "Se for considerado o custo de produção da safra 2014/15 com a produtividade aguardada em 52,5 sc/ha para o próximo ciclo, o produtor terá um custo de produção acima de R$ 47 por uma saca, e justamente por um custo tão alto, que qualquer oscilação negativa sobre as cotações, especialmente as do mercado futuro, podem trazer para baixo o lucro deste novo ciclo.
FARELO DE SOJA: As cotações do farelo de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) estão atingiram neste primeiro semestre médias que superarm em 24% as registradas em igual momento do ano passado. Apesar disso, a variação positiva ocorrida em junho de 2013 não ocorre neste ano. "No ano passado, os baixos estoques finais do farelo da safra 2012/13, tanto nos Estados Unidos como no mundo, sustentaram a alta nas cotações em junho. Neste ano, os estoques menos apertados do farelo fizeram com que suas cotações na CBOT recuassem 9% do início de junho até este momento, com preço atual próximo a R$ 1.150,00 a tonelada.
O preço do produto em Mato Grosso também vem apresentando queda de 9% do início de junho até agora, com as cotações da última semana abaixo de R$ 1.000/t, seguindo o movimento do mercado externo e demanda interna menor. Esse recuo pode servir como mais um fundamento para o recuo do grão da soja no mercado externo".
Fonte: Só Notícias/Agronotícias