Petrobras cai e deixa Ibovespa em terreno negativo
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- 01/07/14
Uma forte pressão vendedora sobre a Petrobras faz as ações da Petrobras despencarem, levando o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, a ficar no terreno negativo, após operar em alta durante a manhã desta terça-feira . Às 14h36, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, operava em queda de 0,32%, aos 52.997 pontos - na máxima do pregão, chegou aos 53.697 pontos. Já o dólar comercial opera em queda de 0,22%, cotado a R$ 2,2060.
O principal motivo para essa queda é a estatal. As ações preferenciais (sem direito a voto) registravam queda de 1,56% e as ordinárias (com direito a voto) caíam 2,03%.
— O entendimento é que o risco Petrobras aumentou desde a semana passada, com o novo contrato para o excedente do pré-sal. O papel está em um momento de ajuste — avalia Adriano Moreno, estrategista da Futuro Invest. Na semana passada, foi divulgado que a estatal irá assumir a produção excedente dos campos de pré-sal e para isso terá que desembolsar alguns bilhões de reais no curto prazo, mesmo que a exploração só tenha início nos próximos anos. Os analistas entenderam que essa decisão foi uma ingerência do governo sobre a empresa. No momento em que os papéis começaram a cair, a Petrobras realizava uma solenidade, que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, para comemorar a produção recorde nos campos do pré-sal.
— Há ainda um grande número de vendas que tem como origem a corretora do Citi. Deve ser algum grande investidor saindo do papel — afirmou um operador, lembrando que é possível saber quais são as corretoras que lideram um movimento de venda ou compra, mas os dados sobre o cliente que deu essa ordem não são revelados. Outras instituições com um número elevado de clientes estrangeiros, como UBS e Credit Suisse, também possuem ordens de vendas dos papéis da Petrobras em volumes elevados.
Outro fator indicado por esse operador para a pressão vendedora é que uma nova pesquisa eleitoral, dessa vez do Datafolha, deve mostrar alguma estabilidade ou recuperação das intenções de voto na presidente Dilma Rousseff. A maior parte do setor financeiro aposta na oposição, já que o desejo é de um menor intervencionismo. A pesquisa deve ser divulgada na quarta-feira.
EFEITO DO EXTERIOR
Apesar da queda das ações da Petrobras, outras setores representativos na Bolsa reagem bem aos dados divulgados na China, que mostram que a atividade industrial no país atingiu máximas em seis meses em junho, de acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) tanto oficial quanto do HSBC/Markit. Isso reforçou os sinais de que a segunda maior economia do mundo está se estabilizando conforme o governo amplia o suporte.
Esse dado também tem influenciado os mercados no exterior. O FTSE, da Bolsa de Londres, fechou em alta de 0,88% e o CAC 40, de Paris, subiu 0,87%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones avança 1% e o Nasdaq sobe 1,36%.
— A atividade chinesa vem apresentando desaceleração, então qualquer dado que indique estabilidade já tem efeito positivo. Isso se reflete nos setores de mineração e siderurgia — afirmou Gustavo Mendonça, analista da Saga Capital.
As ações preferenciais (sem direito a voto) da Vale, as mais negociadas no pregão desta terça-feira, operam em alta de 1,29%. Já as ordinárias (com direito a voto) sobem 1,67%. Os papéis sem direito a voto da Usiminas também operam em terreno positivo, com avanço de 2,77%, a maior alta do pregão.
Mendonça afirma ainda que o outro fator é o ajuste das carteiras, uma vez que gestores de recursos costumam fazer realocações de maior volume em início de semestres, tando dos investidores domésticos quanto dos estrangeiros. Outra vetor é a disputa eleitoral, em especial a expectativa em relação à divulgação de novas pesquisas eleitorais. É esperado que nessa semana seja divulgado um novo levantamento do Datafolha.
A BM&FBovespa divulgou nesta terça-feira que o saldo de investimento estrangeiro na Bolsa está positivo em R$ 1,872 bilhão em junho até o dia 27. Em maio, o total chegou a R$ 5,538 bilhões.
SEM PRESSÃO NO CURTO PRAZO
O dólar comercial opera em queda diante o real nos negócios desta terça-feira. Às 14h36, a moeda americana registrava queda de 0,22%, cotada a R$ 2,2040 na compra e a R$ 2,2060 na venda.
Na avaliação de Mendonça, da Saga Capital, o mercado de câmbio e de juros também se beneficia com dados positivos da China e a realocação de carteiras. Segundo ele, as moedas de países com produção de commodities, como o Brasil e a Austrália, se fortalecem quando a economia chinesa vai bem.
Já o gerente sênior da mesa de câmbio da Western Union, Fabiano Rufato, avalia que no curto prazo não há razão para o dólar sair do patamar entre R$ 2,20 e R$ 2,25. O especialista lembra que os negócios dos últimos dias refletiram a decisão do Banco Central de continuar com o programa de oferta de swaps até o final do ano. Esses contratos equivalem a uma venda de moeda estrangeira, elevando a liquidez no mercado cambial.
Apesar da notícia ter um viés positivo, os operadores continuam de olho nas notícias sobre as eleições e o fluxo cambial para o país. Para Rufato, a cotação pode chegar a R$ 2,40 até o final do ano, a depender da evolução dessas variáveis.
— Pode haver uma pressão, mas acho que ao mesmo tempo o Banco Central está atento e agindo. A autoridade monetária tem deixado claro que buscará o equilíbrio no curto prazo, sem permitir grandes oscilações da moeda — afirmou Rufato.
Fonte: O Globo