Brasil-China, novo eixo do comércio global, analisa jornal
- Detalhes
- 27/03/13
Fonte: Jornal do Brasil
Data: 04/03/2013
A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008 e representa 18% do total das exportações brasileiras. As vendas externas brasileiras crescem 8% ao ano, liderada por matérias-primas, a expansão de 12% ao ano e são dirigidos quase totalmente (79%) para a República Popular da China. Este nível de incremento implica que o mercado chinês iria cobrir 30% das exportações brasileiras em 2030 (que foi de 2% em 2000), diz artigo publicado no Clarín, assinado por Jorge Castro.
O texto prossegue afirmando que, por sua vez, as exportações chinesas crescem 15% ao ano, mas as que são dirigidas ao Brasil subiram o dobro. Portanto, o comércio bilateral cresce três vezes mais do que a média global (56% versus 17% em 2007) e constitui o principal corredor de transações internacionais na segunda década do século. O boom da exportação chinesa é acompanhado, em segundo plano, pela Índia e Vietnã, mas com duas peculiaridades. Exportações indianas e vietnamitas são essencialmente intra-asiática e contêm principalmente mercadorias que utilizam mão de obra intensiva (têxteis, vestuário), devido ao crescente movimento desses setores fora da China.
A razão para este êxodo é que o custo do trabalho aumentou sistematicamente nos últimos quatro anos na República Popular, enquanto foi elevado o aspecto capital intensivo de suas exportações. Máquinas industriais e de alta tecnologia são hoje 30% das vendas externas e serão de 40% em 2020, prossegue o texto.
A China cresce agora através da procura interna e isso favorece os exportadores de matérias-primas. Hoje, a República Popular é o principal parceiro comercial de 144 países do mundo. A região mais favorecida é a América do Sul, que se tornou a plataforma de exportação de commodities importantes (Brasil, Argentina, Chile, Peru, em primeiro lugar). Os países emergentes estão crescendo três vezes mais rápido do que os desenvolvidos (6,5% por ano vs. 2,5% dos EUA e de 1,3% da zona euro) e seu aumento é devido principalmente ao crescimento significativo da nova classe média. Este setor seria composto de 2 milhões de pessoas em 2020 (quatro vezes mais do que em 2010) e sua expansão é sinônimo de urbanização (cobrirá 61% da população asiática no final da década), diz a reportagem.
Esta tendência corresponde à seguinte equação: China/Ásia era a fábrica industrial do mundo entre 2000 e 2010, e agora se tornou o maior mercado mundial de consumo (era 14% do total mundial em 2010 e será de 25% em 2020 e 40 % dez anos depois). Na acumulação capitalista existe um vínculo direto entre produção e circulação (comércio, realização, venda), a tal ponto que ambas constituem um único fenômeno. Na medida em que a primeira aumenta, a segunda se expande três e quatro vezes mais, diz o texto.
Isto significa que a produção capitalista é sempre orientada para a necessidade do mercado mundial. É uma tendência inerente do capitalismo espalhando o capital em escala global e, assim fazendo, elevando necessariamente o nível de consumo e produção em outras partes do globo. Assim, o comércio internacional não é uma dimensão sobreposta sobre a produção nacional, mas o momento essencialmente universal da própria produção. Nos últimos 20 anos, esta lógica se manifestou nas seguintes condições. A economia mundial exportava 17% da sua produção em 1980, e em 2008 atingiu 27%, que seria de 40% em 2030, prossegue o texto.
Neste período, as economias emergentes cresceram três a quatro vezes mais do que dos desenvolvidos e o eixo do sistema se alterou, em um mesmo movimento, dos EUA/UE para China/Ásia. Há uma congruência profunda no capitalismo entre a taxa de crescimento da produção, a expansão do comércio internacional e distribuição espacial. Revela que é um mecanismo único, de alcance global, expandindo através de sucessivas revoluções tecnológicas que transformaram o conjunto do sistema. Em seu eixo está a China e agora também o Brasil, conclui a análise.