IDH brasileiro sobe, mas em ritmo menor do que países em desenvolvimento

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Fonte: Folha de São Paulo
Data: 14/03/2013


O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil continuou a subir durante a primeira metade do governo Dilma Rousseff, mas em ritmo mais lento do que quase todos os países dos Brics e da América do Sul, mostra relatório divulgado hoje pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) com dados sobre o ano passado.

O Brasil aparece no 85º lugar num ranking de 187 países, dentro de um grupo considerado de "elevado índice de desenvolvimento humano". Seu índice é de 0,73 --sendo 1 o máximo possível. É um número parecido com o da Jamaica, Armênia, Omã e São Vicente e Granadinas.

O primeiro lugar de 2012 continua sendo da Noruega (0,955), seguida da Austrália (0,938) e dos Estados Unidos (0,937). A última posição é ocupada pelo Níger, na África. O IDH é um dos índices mais aceitos para se medir o grau socioeconômico de um país.

O dado divulgado hoje representa um crescimento de aproximadamente 0,5% em relação ao IDH brasileiro desde 2010, último ano do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (0,726).

No entanto, no mesmo período, China (1,4%), Índia (1,2%), Rússia (0,7%) e África do Sul (1,2%), os países do grupo de nações em desenvolvimento chamado de Brics, evoluíram de maneira mais rápida. Essa melhora mais acelerada, no entanto, não impediu que apenas a Rússia tenha hoje um IDH maior do que o brasileiro --está na 55ª posição.

Quando comparada com a evolução do índice de países da América do Sul e com o México nesses dois anos, a brasileira só ganha de dois países: Venezuela e Paraguai.

No ranking absoluto, o país continua atrás de Peru (77º), Venezuela (71º), Uruguai (51º), Argentina (45º) e Chile (40º).

O IDH é composto por três elementos: renda, saúde (expectativa de vida) e educação --o terceiro é dividido entre os anos de estudo dos adultos e os anos de estudo esperados para as crianças.

Dentre os Brics, por exemplo, o Brasil aparece na frente apenas da Índia quando comparado o tempo médio de estudo dos adultos (7,2 anos dos brasileiros ante 4,4 anos dos indianos), ainda que a perspectiva para o futuro educacional no país seja bem melhor: 14,2 anos na escola, perdendo apenas para a Rússia.

Na América do Sul, o cenário para educação é parecido. O Brasil tem a pior média de anos passados estudando, mas um dos melhores prognósticos.

LONGO PRAZO

Quando observado o longo prazo, o Brasil é um dos países cujo IDH mais cresce no mundo. Entre 1990 e 2012, esse crescimento chegou a 23,7%, o melhor desempenho entre os grandes países da América do Sul, perdendo apenas para a Guiana (26,6%). Dentre os Brics, no entanto, é bem inferior à evolução de China (41,2%) e Índia (35,1%) --diferença explicada em grande medida pelos baixos patamares dos quais esses outros países saíram.

Quando considerado o período desde 2000, apesar de uma persistente e recorde queda no índice de Gini (um outro indicador, que mede a desigualdade de renda), o IDH brasileiro cresceu em menor ritmo (9,1%). China, Índia e Rússia tiveram um aumento de ao menos 10%.

'ASCENSÃO DO SUL'

O atual relatório do Pnud (eles são feitos anualmente) traz, além dos dados, um longo texto analítico com diversos elogios ao desenvolvimento do Brasil e de outros países em desenvolvimento.

Com o nome "Ascensão do Sul: Progresso Humano num Mundo Diversificado", ele diz que "em 2020, o resultado econômico dos três principais países em desenvolvimento -- Brasil, China e Índia-- irão ultrapassar a produção agregada de Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e EUA".

"Isso representa um dramático rearranjo do poder econômico global", continua, lembrando que em 1950 os três países juntos somavam em torno de apenas 10% da economia mundial.

O Pnud considera o Brasil um país de "alto desempenho" em termos de aumento do IDH nas últimas décadas e diz que ele se tornou um modelo para o mundo devido ao seu progresso econômico, resultado de um "Estado pró-ativo", "políticas sociais inovadoras" e "exploração do mercado global".

Ainda de acordo com o relatório, o Brasil integra o grupo dos 15 países que, desde 1990, conseguiu mais rapidamente diminuir seu déficit de IDH (quanto falta para se chegar à nota máxima de 1).

CONTESTAÇÃO

O governo federal afirma que o Pnud usa dados desatualizados de crianças na escola, o que faz a nota no indicador cair e, com isso, o país recebe um índice em geral mais baixo. De acordo com o MEC (Ministério da Educação), as Nações Unidas não levam em conta mais de 4 milhões de crianças que, embora apareçam como estando na pré-escola, na verdade já deveriam ser contadas como estudantes.

O Pnud assume que parte dos dados é antiga (de 2010 e 2005), mas que os usa por isonomia com outros países, única forma de poder comparar o Brasil com o resto do mundo.

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