Demanda supera expectativa e preço do algodão dispara
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- 28/03/13
Fonte: Cepea
Data: 14/03/2013
Ontem (14), o Indicador CEPEA/ESALQ, que representa a pluma tipo 41-4, entregue na capital paulista, atingiu R$ 2,0122/libra-peso (0,454 kg), patamar que não era visto desde junho de 2011, em termos nominais e também reais (deflacionado pelo IGP-DI de fev/13). Os sucessivos reajustes são fomentados pela demanda doméstica e também para exportação.
Pesquisadores do Cepea explicam que, com a safra 2011/12 (colhida em 2012) sendo a segunda maior da história, especialmente compradores apostavam que os preços internos baixariam expressivamente, comportamento que, de fato, se confirmou no primeiro semestre do ano passado – antes da colheita, portanto. Em boa parte do segundo semestre de 2012, as cotações oscilaram, mas se mantiveram em tendência de alta, comportamento que se acentuou a partir de dezembro.
Os expressivos volumes exportados no segundo semestre de 2012, comentam os pesquisadores, favoreceram a recuperação de preços ao diminuir os estoques internos. De julho de 2012 a fevereiro de 2013, o preço médio de exportação foi US$ 0,9216/lp, segundo informações da Secex, muito acima do praticado no mercado interno, de US$ 0,8067/lp, segundo o Indicador CEPEA/ESALQ (41-4, posto em SP capital).
Sabendo da necessidade de manter as exportações elevadas caso a produção doméstica fique acima de 1 milhão de toneladas, produtores buscam efetivações com o mercado externo sempre que possível. De acordo com pesquisadores do Cepea, isso tende a ocorrer mesmo quando os cálculos com base no Índice Cotlook A (referência de preços no mercado internacional) sinalizam paridade de exportação inferior aos preços domésticos, como ocorre atualmente. Segundo cálculos do Cepea, a paridade de exportação (Free Alongside Ship) por Paranaguá teve média de R$ 1,5751/lp na última semana, cerca de 25% abaixo da média do Indicador CEPEA/ESALQ (mercado doméstico).
As cotações no mercado nacional seguem sustentadas pela forte demanda de indústrias que, em geral, buscam pluma de qualidade superior – 31-4 para melhor –, cuja disponibilidade é bem menor que a dos tipos 41-4 ou inferiores. Assim, agentes dessas indústrias acabam aceitando os valores pedidos por produtores, já que muitos estão com baixos estoques e não podem interromper a produção.
Além disso, considerando-se a boa receita obtida em 2012, especialmente com as exportações, e também os bons níveis de preços de soja e milho, produtores parecem não sinalizar necessidade imediata de caixa. Esse posicionamento é endossado ainda pela perspectiva de menor oferta de algodão em 2013, explicam pesquisadores do Cepea.
Segundo estimativa da Conab, a área cultivada com algodão na safra 2012/13 deve diminuir 30,6%, totalizando 967,7 mil hectares. Essa redução reflete o elevado custo de produção, o baixo valor da pluma no período que antecedeu o plantio e também os bons preços da soja e do milho. De acordo com essa fonte oficial, a produtividade pode ser 7,3% superior à da safra passada, somando 1.446 kg/ha, o que levaria a produção brasileira de algodão em pluma para 1,4 milhão de toneladas, volume 25,4% inferior ao da temporada anterior. O consumo interno é estimado em 887 mil toneladas e as exportações, em 642 mil toneladas.
CONDIÇÕES DAS LAVOURAS – No Triângulo Mineiro, levantamentos do Cepea sinalizam prejuízos acima do observado em anos anteriores, devido ao ataque de lagartas. Em Mato Grosso, na região de Primavera do Leste, além do ataque das lagartas, as lavouras foram prejudicadas pelo grande volume de chuva, que pode ocasionar o apodrecimento de maçãs do baixeiro. Já em Rondonópolis, Campo Novo do Parecis e Lucas do Rio Verde, as lavouras estão em boas condições.
Em Goiás, o Cepea indica que também há ataques de lagartas, mas cotonicultores têm conseguido controlar a infestação e, dessa forma, acreditam não registrar perdas significativas na produtividade – mesmo assim, os custos de produção devem aumentar. Em Mato Grosso do Sul, produtores comentam que as lavouras que registraram baixo volume de chuva no início do cultivo já se recuperaram e, agora, estão em boas condições graças ao clima que se tornou favorável.
A situação mais crítica do País está na região de Barreiras (BA). A estiagem já causou perdas e, caso não volte a chover em breve, os prejuízos vão se acentuar – por enquanto, ainda não foram dimensionados.