Brasileiros enviam US$ 8,5 bi para fora do país este ano, um recorde
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- 18/06/13
As remessas de dólares por brasileiros para a compra de ativos no exterior (como imóveis, ações e outros bens) alcançaram um volume recorde entre janeiro e abril deste ano. De acordo com a Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), que compilou os dados do Banco Central, os brasileiros enviaram US$ 8,45 bilhões para aquisições fora do país nos quatro primeiros meses do ano.
Foi o maior volume remetido no período de toda a série histórica do BC, iniciada em 1995. E quatro vezes maior que as transferências de dólares em igual período de 2012 (US$ 1,88 bilhão). - É um volume expressivo, que não foi investido em títulos de bancos, mas em ativos reais, como imóveis e ações. E que certamente ajudou no enfraquecimento do real diante da moeda americana - disse Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet.
Em momentos de incertezas, como o que passa a economia brasileira, é comum que pessoas com recursos disponíveis procurem proteção em ativos fora do país, mais seguros, explicou o economista João Medeiros, diretor da Pionner Corretora de Câmbio. A isso, continuou ele, soma-se o fato de que os ativos, como imóveis, continuarem muito atraentes em mercados como Estados Unidos e Europa.
- É uma proteção do patrimônio. Por que deixar todos os ovos na mesma sacola? - pergunta Medeiros.
Na série levantada pela Sobeet, os quatro primeiros meses de 2010 - período em que o país assimilava os efeitos da crise internacional, e também um ano eleitoral, com disputa presidencial - refletem bem esse comportamento defensivo. A procura de brasileiros por ativos lá fora naquele período gerou um movimento de US$ 8,14 bilhões para o exterior, o segundo maior valor da série do BC. E as remessas de empresas brasileiras para investimentos lá fora somaram US$ 5,7 bilhões no primeiro quadrimestre de 2010.
A facilidade com que qualquer brasileiro hoje pode abrir uma conta num banco no exterior, e enviar dólares para fora, observou Medeiros, é outro fator que facilita as movimentações como essas.
- Todo mundo pode comprar dólar e mandar para uma conta lá fora, desde que tenha capacidade financeira, comprove a origem do dinheiro e pague impostos - disse. - Bem diferente de anos atrás, quando para mandar dinheiro para fora era preciso pedir autorização ao BC.
A perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa suspender novos estímulos para a economia dos EUA, sinalizando juros maiores no futuro, acrescentou Medeiros, tende a fazer com que esse movimento de remessas continue.
- Isso é uma tendência global, tirar dinheiro de onde se vê risco para países onde, mesmo que não se tenha a mesma rentabilidade, há mais segurança- disse ele.
Embora empresas brasileiras possam usar o mesmo registro do BC que os cidadãos usam para remeter o dinheiro para a compra de ativos lá fora, Lima ressaltou que isso é pouco usual. As companhias, disse ele, quando investem em ativos no exterior registram as operações como investimento direto - foram US$ 2,69 bilhões até abril.
- Portanto, majoritariamente, os US$ 8,45 bilhões em remessas ao exterior dos primeiros meses deste ano foram enviados por pessoas.
Fonte: O Globo