Cafeicultores do Brasil e da Colômbia pedem ação contra preços baixos
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- 04/07/13
O governo dos principais países produtores de café arábica têm recebido cada vez mais pressão para ajudarem os agricultores em meio a uma queda dos preços abaixo dos custos de produção, com os produtores brasileiros realizando protestos nesta quinta-feira e com colombianos ameaçando realizar uma greve.
Produtores de Três Pontas, em Minas Gerais, realizaram uma marcha pedindo ajuda estatal depois que os preços do café caíram pela metade no espaço de dois anos.
"Estamos em uma crise sem precedentes", disse Eduardo Chaves, de 43 anos, produtor de café de Três Pontas, após agricultores atearem fogo em um lote de café e bloquearem vias na região. "Queremos que outras cidades façam o mesmo para que a nossa voz seja ouvida." Cafeicultores da Colômbia estão ameaçando uma paralisação em agosto --a segunda desde fevereiro-- por insatisfação com a forma como um novo subsídio para o café está sendo distribuído no país.
Enquanto isso, o setor agrícola inteiro do país está pedindo mais ajuda contra preços baixos e importações baratas resultantes de acordos de livre comércio.
A queda constante das cotações do arábica vem alimentando a revolta dos produtores. Os preços agora pairam perto do mínimo de quatro anos, de 1,17 dólar por libra-peso, registrado em julho de 2009, com os estoques globais mais elevados em cinco anos, que podem ser aumentados com mais uma grande safra sendo colhida no Brasil este ano.
"Este mercado atual está ferindo muito os produtores", disse John Wolthers, de uma exportadora brasileira . "Isso pode aparecer na próxima safra devido a um menor uso de fertilizantes e à falta de incentivos" para cultivar o café, disse ele.
O excedente no mercado do arábica não dá mostras de encolher no curto prazo. A safra brasileira de 2013 está sendo estimada pelo mercado em cerca de 53 milhões de sacas e produção da Colômbia está se recuperando depois de uma série de colheitas decepcionantes prejudicadas pelo clima.
Novos cafezais colombianos irão tornar-se produtivos no ano que vem ou logo depois, após um caro programa de substituição das plantas com rendimento mais baixos, possivelmente impulsionando a produção em vários milhões de sacas.
Qualquer intervenção do governo com o objetivo de empurrar para cima os preços do café teriam de ser agressivas depois que o mercado de futuros no mundo reagiu pouco para a previsão de queda de 2,7 milhões de sacas de café na América Central, cerca de um quinto da colheita estimada para a região, cujas plantações foram atacadas por um tipo de fungo.
No Brasil, o Ministério da Agricultura espera operacionalizar em breve um programa de preço mínimo para os produtores, com o piso de 307 reais por saca.
"Nós estamos realmente negociando a um nível que não é sustentável, pelo menos não para arábica alta qualidade. Ninguém está fazendo nenhum dinheiro cultivando café", disse Shawn Hackett da Hackett Financial Advisors em Nova York.
"Para o arábica, haverá um grande problema em termos de oferta se ele permanecer baixo por muito tempo."
Fonte: Reuters