E.ON mantém planos de investir no Brasil por meio da MPX
- Detalhes
- 05/07/13
Resolvida a crise de confiança na elétrica MPX Energia com a saída de Eike Batista da empresa, a gigante energética alemã E.ON mantém a estratégia de utilizar a companhia como seu único braço de investimentos no país. O presidente interino do conselho de administração da MPX e integrante do conselho da holding na Alemanha, Jorgen Kildahl, contou que a companhia está satisfeita com o desempenho da elétrica e com as oportunidades de negócios do setor de energia brasileiro.
"Estamos muito felizes com a MPX. É uma boa companhia. Está no mercado certo, com a tecnologia certa. Por isso, estamos investindo outros € 128 milhões [cerca de R$ 366,7 milhões] na companhia. Acreditamos que no longo prazo ela será rentável", disse o executivo. Segundo Kildahl, embora a economia brasileira atravesse momento delicado de desaceleração, com aumento da inflação e desvalorização cambial, os fundamentos do país são sólidos e, por isso, a E.ON mantém a perspectiva de crescimento no longo prazo.
Ele lembrou que a MPX vai agregar este ano 1,1 mil MW de potência ao parque de geração atual da empresa, de 1,78 mil MW. O executivo espera ainda viabilizar os 10 mil MW de potência instalada de projetos no portfólio da empresa até 2020.
Sem traçar metas para os próximos anos no Brasil, Kildahl disse que os negócios da companhia fora da Europa vão responder por 25% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em 2020. Essa fatia virá principalmente de Brasil, Rússia, Turquia e Estados Unidos. Segundo ele, o Brasil terá uma "grande participação" nesse grupo.
Kildahl disse que a empresa está se preparando para os leilões de energia de agosto. A MPX já possui um grupo de projetos com licença ambiental. O governo vai fazer um leilão de energia de reserva e um do tipo "A-5", que negociará contratos de energia com início de fornecimento em 2018.
Segundo Kildahl, o Brasil vai precisar de energia nova para sustentar o seu crescimento e precisará compor sua matriz elétrica com fontes complementares à hidreletricidade, como termelétricas a carvão e gás natural e projetos de fontes alternativas, como eólicas e usinas a biomassa. Num primeiro momento, os grandes projetos hidrelétricos que serão licitados pelo governo nos próximos anos não são o foco prioritário da E.ON.
Com relação ao aumento de capital privado aprovado na quarta-feira pelo conselho de administração da MPX, Kildahl disse que a companhia está "confortável e satisfeita" por ter encontrado uma solução para questão financeira da empresa. "Esperamos que todos os acionistas subscrevam e façam parte da oferta", completou. Entre eles o BNDES, dono de uma fatia de 10,34%.
O presidente interino do conselho da MPX contou que não pretende ser efetivado no cargo. Segundo ele, a companhia vai procurar um nome de um brasileiro independente, de dentro ou de fora do conselho, para assumir a posição. "Não é minha intenção ficar na presidência do conselho de administração.
É uma medida temporária", afirmou. Segundo ele, não há um prazo definido para que seja escolhido o presidente do conselho. "É muito mais importante qualidade do que pressa. A escolha [do nome] levará o tempo necessário", completou.
De acordo com Kildahl, a companhia pretende manter Eduardo Karrer como diretor-presidente da MPX. "Estamos felizes com a gestão da empresa", disse.
A E.ON já possui uma lista de sugestões para a nova razão social da MPX. Kildahl, no entanto, não revelou os nomes propostos porque eles ainda precisam ser analisados e não foram registrados. A expectativa é que a mudança da razão social da MPX seja realizada até outubro.
O conselheiro da E.ON destacou que o acordo aprovado na quarta não prevê mudanças no bloco de controle da MPX. O controle continuará compartilhado entre a alemã e Eike Batista, mesmo que o empresário não acompanhe o aumento de capital. Essa configuração só mudará se Eike reduzir sua fatia para menos de 15%.Temos um acordo com Eike Batista, que também tem o controle compartilhado da empresa." As ações da empresa fecharam ontem com alta de 10,23%, a R$ 7,11.
Fonte: Valor Econômico