Meio Ambiente
Você é biodiversidade; o mundo é biodiversidade; você é o mundo. Seu corpo contém mais de 100 trilhões de células e está conectado ao mundo à sua volta por meio de um sistema complexo, infinito e quase insondável: ao compartilhar seus átomos com cada ser e objeto do mundo natural, você é ao mesmo tempo velho e jovem.
Milhões e milhões de diferentes espécies vivas – menos de dois milhões formalmente registrados – compartilham este mundo com você. E os sistemas e processos desses milhões de seres fornecem coletivamente os fundamentos da vida: o alimento, a água e o ar que você respira, além de medicamentos, combustíveis e um clima estável, entre incontáveis outros benefícios.
A biodiversidade abrange toda a variedade genética de espécies de flora, fauna e micro-organismos; a variedade de funções ecológicas desempenhadas por estes organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados por eles. Ela é responsável pela estabilidade dos ecossistemas, pelos processos naturais e produtos fornecidos por eles e pelas espécies que sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida.
Toda essa diversidade do mundo natural é um tesouro de valor inestimável – essencial sob os aspectos ecológico, genético, científico, social, cultural, educacional, recreativo, estético e econômico. Quanto a este último aspecto, um exemplo: os serviços ambientais proporcionados pela biodiversidade mundial – base da indústria da biotecnologia e das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais – são estimados em 33 trilhões de dólares anuais, representando quase o dobro do PIB mundial.
Mas esta bela e generosa diversidade biológica vem sendo dramaticamente afetada pelas atividades humanas, e hoje a perda de biodiversidade é um dos problemas mais urgentes da Terra. A crescente taxa de extinção de espécies – que se estima estar entre mil e 10 mil vezes maior que a natural – demonstra que o mundo natural não pode mais suportar tamanha pressão. A biodiversidade está sendo perdida pela conversão de áreas naturais em urbanas e pastagens; pelas alterações climáticas; pela poluição; pela disseminação de espécies exóticas invasoras; pela sobre-exploração de recursos naturais e por uma gama de outras ameaças. Essas perdas são em geral irreversíveis.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (The International Union for Conservation of Nature/IUCN) oferece fatos alarmantes quanto ao status quo da biodiversidade global:
• das 47.677 espécies avaliadas até fevereiro de 2010, 17.291 estão ameaçadas de extinção;
• dos 5.490 mamíferos da Terra, 79 estão extintos ou extintos na natureza, sendo que 188 estão criticamente ameaçados, 499 estão ameaçados e 505 estão vulneráveis; 1.895 dos 6.285 anfíbios do planeta estão sob ameaça de extinção, fazendo deles o grupo mais ameaçado entre as espécies conhecidas;
• os recifes de coral oferecem alimentos, proteção contra tempestades, trabalho, recreação e outras fontes de renda para mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, mas ainda assim 70% dos recifes do planeta estão ameaçados ou destruídos.
Diante das crescentes ameaças à diversidade biológica global, a Organização das Nações Unidas declarou que 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade – convidando o mundo a celebrar a vida na Terra, a refletir sobre o valor da biodiversidade e a agir para protegê-la.
O ambientalismo é um largo movimento politico, social, e filosófico, que envolve várias ações e políticas, com interesse em proteger a natureza ainda existente no ambiente natural, e/ou restaurar ou expandir o papel da natureza nesse ambiente.
Tem como, dentre outros, obejtivos:
- Redução e limpeza da poluição, com metas futuras de poluição zero;
- Reduzir o consumo, pela sociedade, dos combustíveis não-renováveis;
- Desenvolvimento de fontes de energia alternativas, verdes, com pouco carbono ou de energia renovável;
- Conservação e uso sustentável dos escassos recursos naturais como água, terra e ar;
- Proteção de ecossistemas representativos ou únicos;
- Preservação de espécies em perigo ou ameaçadas de extinção;
- O estabelecimento de reservas naturais e biosferas sob diversos tipos de proteção; e, mais geralmente, a proteção da biodiversidade e ecossistemas nos quais todos os homens e outras vidas na Terra dependam.
Grandiosos projetos de desenvolvimento - megaprojetos - colocam desafios e riscos especiais para o ambiente natural. Grandes represas e centrais energéticas são alguns dos casos a citar. O desafio para o ambiente com esses projetos está aumentando porque mais e maiores megaprojetos estão sendo construídos, em nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
A biodiversidade brasileira
Primeiro País a assinar a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), o Brasil está entre as nações com o maior índice de biodiversidade em todo o mundo. Estima-se que essa biodiversidade represente cerca de 20% de tudo o que há de vida no planeta. Além disso, cerca de 12% dos recursos hídricos mundiais disponíveis estão localizados no País.
Em seu território de cerca de 8,5 milhões de km2, as estimativas apontam pelo menos 103.870 espécies de animais e de 43 mil a 49 mil espécies de plantas – sem contar micro-organismos, algas e diversos grupos biológicos nunca estudados. Um inventário sobre a biodiversidade brasileira, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, mostra que apenas 7.302 espécies brasileiras de animais estão descritas cientificamente. Em relação às plantas, somente cerca de 40 mil estão descritas, conforme o mais recente levantamento feito pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNC).
Biodiversidade em números
Flora: entre 43 e 49 mil espécies
Anfíbios: 849 espécies
Répteis: 708 espécies
Mamíferos: 530 espécies
Aves: 1825 espécies
O Brasil é um país de proporções continentais: seus 8,5 milhões Km² ocupam quase a metade da América do Sul e abarcam várias zonas climáticas – como o trópico úmido no Norte, o semi-árido no Nordeste e áreas temperadas no Sul.
Evidentemente, estas diferenças climáticas levam a grandes variações ecológicas, formando zonas biogeográficas distintas ou biomas: a Floresta Amazônica, maior floresta tropical úmida do mundo; o Pantanal, maior planície inundável; o Cerrado de savanas e bosques; a Caatinga de florestas semi-áridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões Km², que inclui ecossistemas como recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos.
A variedade de biomas reflete a enorme riqueza da flora e da fauna brasileiras: o Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta. Esta abundante variedade de vida – que se traduz em mais de 20% do número total de espécies da Terra – eleva o Brasil ao posto de principal nação entre os 17 países de maior biodiversidade.
Além disso, muitas das espécies brasileiras são endêmicas, e diversas espécies de plantas de importância econômica mundial – como o abacaxi, o amendoim, a castanha do Brasil (ou do Pará), a mandioca, o caju e a carnaúba – são originárias do Brasil.
Mas não é só: o país abriga também uma rica sócio-biodiversidade, representada por mais de 200 povos indígenas e por diversas comunidades – como quilombolas, caiçaras e seringueiros, para citar alguns – que reúnem um inestimável acervo de conhecimentos tradicionais sobre a conservação da biodiversidade.
Porém, apesar de toda esta riqueza em forma de conhecimentos e de espécies nativas, a maior parte das atividades econômicas nacionais se baseia em espécies exóticas: na agricultura, com cana-de-açúcar da Nova Guiné, café da Etiópia, arroz das Filipinas, soja e laranja da China, cacau do México e trigo asiático; na silvicultura, com eucaliptos da Austrália e pinheiros da América Central; na pecuária, com bovinos da Índia, eqüinos da Ásia e capins africanos; na piscicultura, com carpas da China e tilápias da África Oriental; e na apicultura, com variedades de abelha provenientes da Europa e da África.
A biodiversidade ocupa lugar importantíssimo na economia nacional: o setor de agroindústria, sozinho, responde por cerca de 40% do PIB brasileiro (calculado em US$ 866 bilhões em 1997); o setor florestal, por sua vez, responde por 4%; e o setor pesqueiro, por 1%. Na agricultura, o Brasil possui exemplos de repercussão internacional sobre o desenvolvimento de biotecnologias que geram riquezas por meio do adequado emprego de componentes da biodiversidade.
Produtos da biodiversidade respondem por 31% das exportações brasileiras, com destaque para o café, a soja e a laranja. As atividades de extrativismo florestal e pesqueiro empregam mais de três milhões de pessoas. A biomassa vegetal, incluindo o etanol da cana-de-açúcar, e a lenha e o carvão, derivados de florestas nativas e plantadas, respondem por 30% da matriz energética nacional – e em determinadas regiões, como o Nordeste, atendem a mais da metade da demanda energética industrial e residencial. Além disso, grande parte da população brasileira faz uso de plantas medicinais para tratar seus problemas de saúde.
Por tudo isso, o valor da biodiversidade é incalculável.
Sua redução compromete a sustentabilidade do meio ambiente, a disponibilidade de recursos naturais e, assim, a própria vida na Terra. Sua conservação e uso sustentável, ao contrário, resultam em incalculáveis benefícios à Humanidade.
Neste contexto, como abrigo da mais exuberante biodiversidade do planeta, o Brasil reúne além de privilégios, uma enorme responsabilidade.
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