Fujikura substitui importações com nova fábrica no RS
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- 18/07/13
Depois de dois anos de negociação com o governo do Rio Grande do Sul, a japonesa Fujikura e a brasileira Procable confirmaram ontem a construção de uma fábrica de cabos para redes de energia e telecomunicações no município de Montenegro, a 60 quilômetros de Porto Alegre. A produção da nova unidade, que deve entrar em operação em agosto de 2014, vai substituir cabos importados atualmente da China com custos de produção 27% menores, disse o presidente da Procable, Fumitaka Nishimura.
Conforme o executivo, a redução de custos decorre da isenção do Imposto de Importação e da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 15% para 3%, além da eliminação de gastos logísticos e alfandegários. O governo do Rio Grande do Sul também adiou por cinco anos o início do recolhimento de parte do ICMS devido pela empresa, informou o secretário estadual do Desenvolvimento, Mauro Knijnik. A fábrica de Montenegro será construída com investimentos de R$ 30 milhões pela joint venture Procable Fujikura, com 90% de participação do sócio japonês, que detém a tecnologia de produção. O sócio brasileiro, que entrará com os 10% restantes, atualmente distribui no país produtos fabricados pela Fujikura na China e desde 2008 importou 12 mil quilômetros de cabos, volume exatamente igual à capacidade de produção anual da futura fábrica brasileira.
A joint venture fabricará cabos especiais, incluindo os conhecidos como OPGW ("Optical Ground Wire", na sigla em inglês). Eles protegem as linhas de transmissão de energia contra descargas atmosféricas e curtos-circuitos e têm fibras óticas integradas que podem ser usadas por sistemas de telecomunicações ou de telecontrole e automação das chamadas redes elétricas inteligentes. "Nossa vocação é fabricar produtos de alta tecnologia", disse Nishimura.
Conforme o presidente da Fujikura, Yoichi Nagahama, inicialmente a nova fábrica vai produzir cabos destinados à transmissão de energia e, depois, também para redes de telecomunicações. A unidade será a primeira da companhia japonesa na América do Sul, mas a prioridade é atender o esperado crescimento da demanda no mercado brasileiro para só num "segundo momento" operar como um polo exportador para a região, acrescentou o executivo. A empresa faturou, em 2012, o equivalente a R$ 9,8 bilhões e tem mais de 50 fábricas na Ásia, Europa e América do Norte.
De acordo com a Secretaria do Desenvolvimento do governo gaúcho, o pacote de incentivos fiscais estaduais para a nova fábrica ainda está sendo fechado, mas o abatimento no ICMS a recolher durante os primeiros cinco anos de operação vai variar de 50% a 70%. O valor não recolhido no período será pago também em cinco anos, com um desconto de 32% a 40%. O Estado também vendeu uma área no distrito industrial de Montenegro para a empresa a preço subsidiado, informou a secretaria.
Fonte: Valor Econômico