Cresce a percepção de que a China será a maior potência mundial, diz pesquisa
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- 18/07/13
A percepção de que a China está a caminho de ser a maior potência econômica do planeta está em alta no mundo, segundo uma ampla pesquisa de opinião publicada nesta quinta-feira.
Conduzido em 39 países pelo centro de pesquisa Pew, o levantamento conclui que nos últimos cinco anos cresceu a impressão de que os EUA perderam o posto para a China. Na nova pesquisa, 34% dos consultados apontam o país asiático como número um, contra 20% em 2008. Em relação aos EUA, a confiança caiu de 47% para 41%.
How Hwee Yung -Efe | ||
Congresso do Partido Comunista, em 2012, na China; cresce a percepção do país como como potência global |
"Desde a crise financeira de 2008, as percepções sobre a balança de poder econômico vem mudando", afirma o centro Pew, na introdução do estudo.
A tendência é especialmente visível em alguns dos maiores aliados dos EUA na Europa. A porcentagem dos que consideraram a China a maior potência econômica foi de 53% no Reino Unido e de 59% na Alemanha.
Nos países da América Latina que participaram da pesquisa, o Brasil está entre os que demonstraram a menor convicção sobre o domínio chinês: 38% apontaram o país asiático como a principal potência econômica, contra 52% na Venezuela, 51% no Chile e 50% na Argentina e no México.
Mesmo onde os EUA ainda são vistos no topo, muitos acreditam que a ultrapassagem da China é uma questão de tempo. Dos 39 países incluídos na consulta, em 23 a maioria acha que a China já é a principal potência econômica ou virá a ser.
Os americanos se mostram divididos sobre o futuro status econômico global de seu país. Quase metade (47%) respondeu que a China em algum momento superará os EUA no primeiro posto.
Em 2011 a China passou o Japão para se tornar a segunda maior economia do mundo. Muitos economistas acreditam que a chegada ao primeiro lugar poderá ocorrer já por volta de 2020.
A mudança na balança de poder, entretanto, não resultou numa imagem mais positiva do país asiático. O estudo conclui que os EUA gozam de imagem mais favorável (63% dos entrevistados) do que a China (50%).
Vale lembrar que a pesquisa foi conduzida entre março e abril, antes de o analista Edward Snowden revelar segredos de programas de espionagem dos EUA que bisbilhotaram milhares de pessoas ao redor do mundo.
O estudo revela ainda que a relação cada vez mais competitiva entre EUA e China se reflete em tensão entre as populações. Só 37% dos entrevistados nos EUA expressaram visão positiva da China, queda acentuada dos 51% de dois anos atrás.
No lado oposto o índice de simpatia também despencou: em 2010, logo após a visita do presidente Barack Obama à China, 58% dos chineses disseram ter uma imagem favorável dos EUA. Na atual pesquisa, só 40% disseram o mesmo.
Curiosamente, a percepção crescente de que a China caminha rumo ao primeiro lugar é revelada pelo centro Pew num momento de desaceleração econômica no país asiático. A freada esquentou o debate entre especialistas que questionam a capacidade da China de se tornar a principal potência mundial.
Um exemplo é o recente livro "Stumbling Giant" [gigante trôpego, em inglês], lançado por um banqueiro de Hong Kong, Timothy Beardson, com mais de três décadas de experiência profissional na Ásia.
Para ele, fatores como o envelhecimento da população --acelerado pelo política do filho único-- e um governo avesso a riscos tornam improvável que a China se torne uma superpotência.
Em outro livro recente, o americano David Shambaugh, um dos mais renomados especialistas mundiais em China, descreve o país asiático como uma "potência parcial".
Segundo Shambaugh, a onipresença da economia chinesa no mundo não se converteu na influência política profetizada por alguns e temida por muitos.
O ceticismo em relação à ascensão da China também foi manifestado por muitos usuários do popular microblog Weibo (versão chinesa do Twitter).
"A realidade é que a China não tem a eficiência do livre mercado, no qual os EUA são muito mais maduros", escreveu o usuário identificado como kaolakaola. "Por isso, a China não tem chance de passar os EUA nem em um século".
Fonte: Folha de São Paulo