Brasil busca flexibilidade do Mercosul para acelerar negociações com UE
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- 24/07/13
O Brasil quer mudar a forma como o bloco comercial do Mercosul negocia acordos comerciais com a União Europeia para acelerar as conversas que vêm acontecendo desde 1995, disse um alto funcionário do governo brasileiro.
O Mercosul está tentando retomar as negociações com a UE, visando um acordo comercial que envolve 750 milhões de pessoas e US$ 130 bilhões em comércio anual.
Pressionado por um déficit comercial crescente, o Brasil está liderando os esforços e, reconhecendo as diferenças no Mercosul, busca formas para permitir que os membros do bloco negociem em seu próprio ritmo. "Nossa vontade é avançar nessa agenda de acordos comerciais. Os empresários também estão na mesma direção. O que temos que ver é como fazer isso", disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ricardo Schaefer.
"O bloco é muito importante e estratégico para o Brasil, mas nós temos uma agenda e temos algumas assimetrias que precisamos enfrentar", acrescentou, observando que o Uruguai também quer se mover mais rápido, enquanto a Argentina, por causa de sua balança de problemas comerciais, prefere uma abordagem mais lenta.
A vontade da maior economia da América Latina de adotar uma abordagem flexível para a forma como o Mercosul negocia é uma indicação de que o Brasil está ficando cansado das restrições que o grupo coloca em seus planos de expansão no exterior para combater a desaceleração econômica em casa.
Grupos empresariais brasileiros pediram ao governo para pressionar o Mercosul para permitir que cada membro negocie acordos comerciais em seu próprio ritmo, em uma tentativa de acelerar as negociações.
"Nós não temos condições de descartar hoje nada a priori, nenhum caminho", disse Schaefer, que reconheceu que problemas de balança de pagamentos da Argentina adicionam uma "complexidade" para as negociações com os europeus. "A única coisa que podemos descartar é o fim do Mercosul."
Regras do Mercosul proíbem países de assinar unilateralmente negócios que envolvem o comércio de mercadorias.
Mesmo se o Mercosul acelerar negociações, um acordo com a UE ainda pode levar anos para se materializar, dizem analistas.
Ambos os lados concordaram conversar até o final do ano sobre o quão longe eles estão dispostos a ir na abertura de setores que vão desde serviços à agricultura.
Um déficit comercial crescente e possíveis acordos comerciais concorrentes têm pressionado a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a buscar acordos bilaterais e regionais para reforçar as exportações num momento em que sua economia está com dificuldades.
Schaefer disse que uma desvalorização de quase 8% no valor da moeda do Brasil abre uma janela de oportunidade para os exportadores, que apenas há um ano viram o câmbio corroer seus lucros.
Ele disse que o país, grande produtor de commodities, está buscando assinar acordos de investimentos e serviços com outros países da América Latina, África e Estados Unidos.
Dilma deve fazer sua primeira visita de Estado aos Estados Unidos ainda este ano, em um avanço diplomático do qual as autoridades esperam um impulso comercial entre as maiores economias do continente.
Fonte: Folha de São Paulo