Colômbia pede à OMC salvaguarda contra aço longo importado
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- 01/08/13
A Colômbia recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) pedindo para restringir temporariamente a entrada em seu mercado de aços longos importados. O Brasil é um dos principais exportadores de aço para a Colômbia, mas não aços longos. Nesse caso, os principais atingidos devem ser China e Turquia.
O governo do presidente Juan Manuel Santos alega que um repentino aumento de importações de aços longos, com principal aplicação na construção civil, está ameaçando a indústria local. Por isso, pede autorização para impor salvaguarda. Isso significa, na prática, aumentar substancialmente a tarifa cobrado do produto estrangeiro por pelo menos quatro anos.
O governo colombiano acionou a OMC após receber queixa de empresas como a Acearias Paz del Rio, controlada pela Votorantim Siderurgia, e que representa 77% do setor no país. A Gerdau também integra o grupo de produtores que pede salvaguarda contra importações vindas de vários países, principalmente China e Turquia, além de Trinidad e Tobago e do México. O pleito ao governo colombiano, informou uma fonte do setor ao Valor, engloba basicamente os chamados aços longos: fio-máquina, vergalhões, perfis e barras mecânicas. Até a conclusão desta reportagem, Gerdau e Votorantim não tinham se pronunciado.
O tema continua em negociações com as autoridades colombianas. Segundo a fonte, no caso de fio-máquina, usado em diversas aplicações industriais, como fabricação de arames, já houve parecer final, favorável, por parte do governo. Já para vergalhões, usados na construção civil, a decisão está prevista para a próxima semana.
Bogotá alega na OMC que o aumento repentino das importações e a queda dos preços causam ou ameaçam causar danos para a indústria local. Exemplifica que, entre 2010 e 2012, as importações cresceram 33,35%, passando de 74,5 mil toneladas para 99,2 mil toneladas. Somente em 2012, o preço médio do produto importado declinou de US$ 730 por tonelada no primeiro semestre para US$ 680/t.
Diante da forte concorrência, os produtores colombianos alegam ter sofrido perda de mercado de 12,3%, colocando em risco a existência de algumas fábricas.
A Votorantim é dona da Acerías Paz del Rio, situada em Belencito e que produz principalmente fio-máquina, além de vergalhões. Com capacidade anual de 450 mil toneladas, a siderúrgica é uma das mais afetadas pelos produtos importados.
O grupo Gerdau tem duas usinas de aços longos (a maior parte vergalhão) no país e três laminadoras, além de unidades de beneficiamento, por meio da Gerdau Diaco. As informações são do site da companhia.
A Colômbia produz cerca de 1,3 milhão de toneladas de aço por ano, a quase totalidade em aços longos comuns e especiais. O país não tem siderurgia de aços planos, sendo um grande importador desse produto, inclusive do Brasil.
O Brasil é um dos principais exportadores de produtos siderúrgicos em geral (fundição, ferro e aço) para a Colômbia. Foram US$ 312 milhões no ano passado, representando 11% das vendas para aquele país, e superior à exportação de carros e autopeças, que atingiu US$ 227 milhões.
Entre 2010 e 2012, as vendas brasileiras de siderúrgicos para a Colômbia aumentaram 58% em valor. Só foram menores que as da China, que deram um salto de 60% no período. Já o México, tradicional parceiro colombiano, perdeu fatias de mercado tanto para os brasileiros como para os chineses, coreanos e mesmo espanhóis.
A OMC vai abrir uma investigação sobre o pedido de salvaguarda colombiano. Bogotá terá que comprovar que o aumento das importações é recente, repentino, muito significativo e agudo.
Haverá discussões com os parceiros na OMC. Se a Colômbia obtiver o sinal verde para impor a salvaguarda, significa restringir importações por um período de quatro a dez anos. Isso pode ser feito tanto por meio de aumento de alíquota como estabelecimento de cotas (entrada limitada do produto importado).
Fonte: Valor Econômico
