Chanceler iraniano reforça maior relação comercial com o Brasil

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O chanceler Mohammad Javed Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã, afirmou que, apesar de mais de 40 anos de restrições e sanções "ilegais" dos Estados Unidos (EUA) no campo de energia nuclear contra os iranianos, o país conseguiu se desenvolver em diversos campos e, hoje, se firma como um país sereno e seguro, "podendo ter uma presença séria e ativa em diversas áreas da economia". As declarações foram dadas na manhã desta terça-feira (10/4) durante o Seminário sobre as Relações Econômicas e Comerciais Brasil-Irã, que ocorreu na Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Javed Zarif destacou que os dois países apresentam "determinação" e "vontade" econômica em comum e enalteceu a parceria entre as nações. "Caros amigos, Irã e Brasil são dois parceiros muito antigos. As nossas relações já ultrapassaram de 100 anos e, hoje, as transações comerciais representam de US$ 2,6 bilhões", afirmou, mas apontou que a maior parte decorre das compras iranianas no Brasil. "Existe necessidade de equilíbrio dessa relação", disse.

Ele destacou que as duas economia são consideradas emergentes e estão acelerando o desenvolvimento para o futuro. Javed Zarif destacou que há diversos avanços tecnológicos no país e que o evento é uma oportunidade para definir novos pontos de cooperação. "O mais importante é uma relação de segurança bancária. Nesses últimos dois anos, após o acordo nuclear, estabelecemos bom contato com o Brasil para estabelecer certas relações, mas ainda não chegou ao nível desejado. Eu sinto que precisamos que os dois governos ajudem o setor privado para que ajude (as relações) através de facilidades bancárias", destacou.

O chanceler iraniano destaca que é preciso um contato maior entre os bancos privados dos dois países para a trocas comerciais. O Brasil fornecerá uma linha de crédito de US$ 1,2 bilhão para que o Irã invista em projetos comerciais estratégicos para as duas nações. Javed Zarid alegou que é uma "agenda de longo prazo".

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil, Marcos Jorge de Lima, apontou que o encontro é uma oportunidade "valiosa" para aprofundar o relacionamento com o maior contato entre as classes empresariais dos dois países. "Podemos desenvolver projetos conjuntos. No Brasil, notamos que o Irã tem buscado modernizar o parque industrial e a infraestrutura", destacou o ministro, destacando que o Brasil pode ser um grande parceiro comercial. Lima alegou, também, que o Brasil deseja equacionar as restrições bancárias do país oriental da forma mais breve possível.
Atritos internacionais
O chanceler iraniano vem para o Brasil depois que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, defendeu que o Irã é o "Estado-líder" no patrocínio do terrorismo. Em janeiro, ele ameaçou retirar o país do acordo nuclear em 12 de maio, fim do prazo de "ultimato" para endurecimento do texto.

O governo norte-americano pode impor sanções econômicas e comerciais ao Irã, que estão atualmente suspensas. A visita chanceler iraniano ao Brasil ocorre três dias antes da primeira visitado de Trump, como presidente dos EUA, à América Latina. Ocorrerá a Cúpula das Américas, em Lima, onde o presidente Michel Temer também deve participar.

Acordo nuclear

De acordo com a Agence France Presse (AFP), o presidente iraniano Hasan Rohani, afirmou, durante um evento do Dia Nacional da Tecnologia Nuclear em Teerã, que o governo dos Estados Unidos "lamentará" se decidir sair do acordo nuclear com o país. "Não seremos os primeiros a violar o acordo, mas (Washington) deve saber imperativamente que lamentará se violar", disse Rohani.

O presidente do Irã disse ainda que o país estão "muito mais preparado do que pensam". "Se violarem o acordo, em uma semana, em menos de uma semana, verão o resultado", apontou.

O acordo nuclear foi assinado em 2015 entre o Irã e mais seis nações (Eua, China, Alemanha, França, Rússia e Reino Unido). Na prática, o acordo deve evitar que o Irã adquira a bomba atômica, mas Trump avalia que não há garantias suficientes para a segurança internacional.

Fonte: Correio Braziliense

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