Banco Central da Turquia anuncia medidas para sustentar lira após desvalorização

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O Banco Central da Turquia anunciou, nesta segunda-feira, 13, medidas para conter a desvalorização da lira turca e para dar "toda liquidez necessária a bancos". Após o anúncio, a moeda do país reduziu brevemente as baixas. Entre as ações, o BC turco citou a elevação dos limites de depósito de garantia das operações com liras dos bancos de 7,2 bilhões de euros para 20 bilhões de euros.

A autoridade também reduziu os índices de exigência de reserva de lira em 250 pontos base para todas as faixas de vencimento e disse que os leilões tradicionais de recompra ou de venda de depósito podem ser mantidos com vencimentos máximos de 91 dias, se necessário.

Além disso, o BC turco afirmou que, em dias com maior necessidade financiamento, mais de um leilão de recompra pode ser realizado, com vencimentos entre 6 e 10 dias. Também será possível que os bancos façam empréstimos em moeda estrangeira no vencimento de um mês, além do tradicional prazo de uma semana.

"O Banco Central vai monitorar de perto o movimento do mercado e as formações de preços e tomará as medidas necessárias para manter a estabilidade financeira, se preciso", disse o comunicado.

Segundo o BC turco, a redução do compulsório significa uma injeção bilionária no sistema financeiro do país. A instituição calcula que as mudanças proporcionarão a entrada de 10 bilhões de liras turcas, US$ 6 bilhões e o equivalente a mais US$ 3 bilhões em liquidez em ouro para o sistema financeiro local.

O órgão decidiu agir em meio a mínimas recordes da lira e de outras dificuldades enfrentadas pela economia e pelo mercado financeiro local. Há desconfiança entre investidores sobre a atuação do banco central, que relutou anteriormente em elevar os juros, mesmo diante de um quadro de inflação em alta. A lira turca já perdeu mais de 80% no ano ante o dólar.

Além disso, o país enfrenta rusgas diplomáticas com os Estados Unidos, que resultaram em mais tarifas ao aço e ao alumínio turcos, conforme anúncio da sexta-feira, 10, do presidente americano, Donald Trump. Ainda na sexta-feira, a Casa Branca disse que a tarifa de importação de aço da Turquia subiria de 25% para 50% já a partir de hoje.

O governo turco tem criticado duramente o comportamento dos americanos, enquanto Washington exige a libertação de um pastor americano, Andrew Brunson, atualmente sob prisão domiciliar na Turquia sob suspeita de terrorismo. Houve nesta manhã relatos de que o religioso poderia ser libertado, o que ainda não foi confirmado oficialmente.

Enquanto isso, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou os EUA de "esfaquearem a Turquia pelas costas" e disse que algumas pessoas fazem "terrorismo econômico nas redes sociais", algo que ele pretende punir.
Proibição no mercado de ações

A Bolsa de Istambul anunciou em comunicado nesta segunda-feira a proibição de operações de venda a descoberto de ações que integram o índice BIST 100, a partir da terça-feira. A decisão é adotada em meio a um quadro de forte pressão nos mercados locais, por causa de uma crise econômica e financeira e da tensão geopolítica com os Estados Unidos.

A venda a descoberto é uma estratégia que consiste na venda de uma ação que não se possui na carteira, esperando que o preço caia para então comprá-la de fato e lucrar com a diferença na transação.

Na nota em seu site, a bolsa afirma que fará "todo o esforço para garantir que nossos mercados operem em um ambiente eficaz, confiável e transparente". A instituição afirma ainda que serão adotadas "todas as medidas necessárias contra intervenções de mercado a tempo e com determinação", complementando que serão realizadas avaliações no escopo da legislação
Alta de juros

As medidas do Banco Central da Turquia anunciadas nesta segunda-feira não ajudarão a conter a queda da lira e "aumentam o pânico" nos mercados, na avaliação do Rabobank.

"O mercado estava procurando um aumento de juros entre 10 e 15 pontos percentuais e, em vez disso, obteve mais liquidez da lira, quando o problema é a falta de liquidez em dólar", diz o documento.

Para analistas do Julius Baer, "a demonização das taxas de juros por Erdogan é particularmente perigosa, já que estabelece um alto nível para a taxa de câmbio, a partir da qual o banco central não terá escolha senão aumentar as taxas de forma agressiva".

Os especialistas do banco suíço afirmam ainda que "o nível atual de juros de 17,7% é claramente insuficiente para reverter a queda da lira, que perdeu cerca de 40% neste ano em relação ao dólar norte-americano".

Para analistas do Deutsche Bank, embora os problemas bancários na Turquia possam causar efeitos negativos sobre os bancos da zona do euro, eles não devem levar a uma crise de crédito.

Fonte: DOW JONES NEWSWIRES

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