Evento da ONU lembra dez anos da morte de Sérgio Vieira de Mello

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A ONU lembrou nesta segunda-feira (19) os dez anos da morte de Sérgio Vieira de Mello com um debate sobre o legado do alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, morto em um atentado em Bagdá.

A capacidade de diálogo do brasileiro foi a marca que, para muitos, falta nos tempos atuais.

A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, afirmou que a habilidade de Mello seria fundamental em um cenário cada vez "mais fragmentado". "O ponto da ONU é encontrar conexões, e não diferenças. Foi o que Sérgio fez muito bem em diferentes partes do mundo", afirmou.

O ministro Antônio Patriota afirmou que o alto comissário representou o modelo da diplomacia brasileira na ONU. Para ele, Mello não "demonizava" nenhum dos lados em conflito, o que lhe permitia dialogar com franqueza com todas as lideranças.

  Chip East/Reuters  
Sérgio Vieira de Mello, em maio de 2003, quando foi apresentado para serviço no Iraque; ele foi morto três meses depois
Sérgio Vieira de Mello, em maio de 2003, quando foi apresentado para serviço no Iraque; ele foi morto três meses depois

"Não demonizar o fez ser muito eficaz em diversos lugares do mundo. Ele procurou diversidade de fontes, o que é um aspecto de seu universalismo", disse o ministro.

Vieira de Mello morreu no dia 19 de agosto de 2003 após um atentado à sede da ONU em Bagdá (Iraque), onde atuava com representante da entidade. Além dele, outras 21 pessoas morreram.

Antes de ser escalado para o posto, o diplomata havia atuado na Camboja, Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique, Peru, Líbano e Bósnia, Kosovo e Timor Leste.

Patriota lembrou o que chamou de "omissões" da comunidade internacional que permanecem sem solução mesmo após a morte do alto comissário. Citou a falta de desenvolvimento sustentável com ênfase no combate à pobreza, elevação dos gastos militares e a falta de um Estado palestino.

A coordenadora da ONU no Panamá, Kim Bolduc, ferida em Bagdá no mesmo atentado, lamentou que mesmo após dez anos da morte dos 22 colegas o Iraque ainda não tenha solucionado seus problemas.

O ex-presidente de Timor Leste, José Ramos Horta, lembrou a atuação do brasileiro como representante da ONU no processo de independência do país no Sudeste Asiático. Para ele, Mello era o único capaz de driblar o lento processo de criação da força de paz no local.

"Levei o Sérgio para várias comunidades do Timor Leste e o apresentei como o Pelé da diplomacia. Logo ganhou a simpatia de todos os líderes políticos, comunitários e da Igreja", afirmou.

Atualmente representante da ONU em Guiné Bissau, Horta criticou o que chama de "empobrecimento" da entidade. Para ele, os baixos salários na organização e a falta de recursos para as ações comprometem o seu papel.

"A reforma da ONU tem sido cortar despesas. Vejo a ONU cada vez mais frágil financeiramente. Rapidamente se encontra recursos para ajudar a indústria automobilística ou países europeus. Mas para repassar US$ 1 bilhão para a ONU é muito difícil", disse ele.

Fonte: Folha de São Paulo

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