Presidente do Banco Central da Argentina renuncia após 3 meses no cargo

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O presidente do Banco Central da Argentina, Luis Caputo, renunciou ao cargo nesta terça-feira (25), citando motivos pessoais, mesmo dia em que acontece no país uma greve geral contra a política econômica do governo de Mauricio Macri, em meio às negociações de uma extensão do acordo de US$ 50 bilhões assinado com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Esta renúncia se deve a motivos pessoais, com a convicção de que o novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) restabelecerá a confiança nas situações fiscal, financeira, monetária e cambial", diz o comunicado divulgado pelo BC.

Guido Sandleris, o número 2 do Ministério da Fazenda, será o novo presidente do Banco Central (veja mais abaixo nesta reportagem o perfil de Sandleris). No comunicado que oficializa a nomeação de Sandleris, a presidência argentina confirmou que Gustavo Enrique Cañonero continuará como vice-presidente do Banco Central.

Caputo tem sido um colaborador próximo de Macri desde que chegou à presidência do país em dezembro de 2015. Primeiro, ele ocupou o cargo de Secretário de Finanças, depois, virou ministro da área, e estava na presidência do BC há pouco mais de 3 meses.

O peso passou a despencar mais de 4% após a renúncia de Caputo, que, segundo a imprensa local, teve divergências sobre a condução financeira com o ministro da Economia, Nicolás Dujovne.

Durante a breve passsagem de Caputo no comando BC da Argentina, a taxa de juros básicos do país foi elevada de 40% ao ano para 60% ao ano.

Taxa básica de juros da Argentina disparou — Foto: Karina Almeida/G1

 

Segunda renúncia em 4 meses

A segunda renúncia de um presidente do banco central em menos de quatro meses surpreendeu o mercado financeiro, em um momento em que o banco central procura conter a desvalorização acentuada do peso argentino, que já perdeu 50% até agora em 2018, e o governo está negociando uma extensão de um acordo com o FMI.

Caputo chegou assumiu o cargo no banco central em 14 de junho, quando substituiu Federico Stuzenegger, que renunciou sobrecarregado pela fraqueza da moeda e pela alta taxa de juros que ele concordou com a renovação de estratégias para combater a inflação.

Negociações com o FMI

A Argentina atravessa uma forte crise financeira e acertou com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo de US$ 50 bilhões, pelo qual o governo se compromete a reduzir seu déficit a 1,3% do Produto Interno Bruto em 2019.

A expectativa agora é que até sexta-feira haja o anúncio de um novo acordo financeiro com o FMI. Em entrevista para a Bloomberg TV na segunda-feira (24), Macri disse que o país estava perto de atingir um acordo final com o FMI, e que havia "chance zero" de que a Argentina daria calote em sua dívida externa no próximo ano.

A greve geral que acontece nesta terça, promovida pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), visa protestar contra os ajustes do governo em meio à crise que afeta o país pela desvalorização abrupta do peso argentino registrada desde o final de abril, a alta inflação (que deve superar 40% em 2018), e a queda da atividade econômica. Os líderes sindicais exigem reposição salarial e também rejeitam o acordo com o FMI.

Quem é o novo presidente do BC

Especialista em economia internacional, finanças e macroeconomia e com uma longa carreira acadêmica, Guido Sandleris foi secretário de política econômica do Ministério da Fazenda até meados deste ano.

Graduado em Economia pela Universidade de Buenos Aires, mestre pela London School of Economics e doutor pela Universidade Columbia em 2005, o novo presidente do órgão passou a integrar o governo de Mauricio Macri em 2017, quando foi nomeado chefe de assessores do Ministério da Fazenda.

Em 2016, Sandleris foi subsecretário de Finanças da província de Buenos Aires. Desde 2007, é professor na Universidade Torcuato Di Tella, onde até 2015 dirigiu o Centro de Pesquisa em Finanças e foi decano da Escola de Negócios entre 2014 e 2015.

Sandleris foi docente na Johns Hopkins University e professor visitante no London School of Economics e na Universidade dos Andes, assim como pesquisador visitante no Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de Mineápolis, no Banco Central de Chile, na PUC-Rio, no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e no FMI.

Em nota, o porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gerry Rice, afirmou que o fundo espera continuar sua "estreita e construtiva relação" com o BC da Argentina, "sob a liderança de Guido Sandleris". "O staff do fundo e as autoridades argentinas continuam trabalhando intensamente com o objetivo de concluir as conversas em nível técnico em pouco tempo".

Fonte: G1

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