Canadá e EUA chegam a acordo para substituir o Nafta a poucas horas do prazo limite

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A incerteza chegou ao fim ontem à noite (30), a poucas horas do fim do prazo limite, quando negociadores canadenses e americanos alcançaram um acordo para substituir o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), resgatando uma zona de livre comércio entre três países de 1,2 trilhão de dólares que estava prestes a entrar em colapso após quase 25 anos. O novo tratado receberá o nome Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), de acordo com uma declaração conjunta.

Um acordo preliminar já tinha sido fechado entre Estados Unidos e México em agosto, mas ainda faltava a inclusão do Canadá.

O comunicado, assinado pelo representante do Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e pela ministra das Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, destaca que o novo acordo entre os países da América do Norte vai gerar um "crescimento econômico sólido".

Depois de mais de um ano de negociações, os governos conseguiram superar as divergências e ceder em alguns aspectos. No comunicado, celebram o acordo com um como algo positivo para os cidadãos da região, onde vivem quase 500 milhões de pessoas e que movimenta um trilhão de dólares por ano em comércio, destaca a agência France Presse.

O principal objetivo de Trump ao retrabalhar o Nafta era reduzir os déficits comerciais dos EUA, meta que ele também busca com a China, impondo centenas de bilhões de dólares em tarifas sobre produtos importados do gigante asiático.

Embora o novo acordo evite tarifas, ele dificultará que montadoras globais construam carros a preço reduzido no México e tem o objetivo de criar mais empregos nos Estados Unidos, afirma a agência Reuters.

Pelo Twitter, Trump classificou o novo acordo de "maravilhoso" e de "grande negócio" para os 3 países.

O novo pacto comercial entre Canadá e México é "um grande acordo" para os três países, afirmou o presidente americano Donald Trump, depois que os países chegaram a um acordo no domingo à noite para substituir o Nafta.

"O USMCA é uma negociação histórica", disse o presidente americano. "É um grande negócio para todos os três países, resolve as muitas deficiências e erros no Nafta, abre muitos mercados para nossos agricultores e fabricantes, reduz barreiras comerciais para os EUA e vai aproximar as três grandes nações em concorrência com o resto do mundo", acrescentou.

O novo acordo foi visto como uma grande vitória de Trump, que obrigou o Canadá e o México a aceitarem um comércio mais restritivo com seu principal parceiro de exportação.

Negociações

O anúncio veio após um final de semana inteiro de trabalho por videoconferência dos negociadores para alcançar o acordo de última hora.

Para concluir o acordo, o Canadá cedeu no sistema de cotas para o leite, o que abrirá seu mercado aos produtores americanos. Ottawa, porém, conseguiu preservar o sistema do Nafta de solução de conflitos entre os sócios que Washington desejava modificar.

O novo pacto também incluirá um capítulo ambiental e, como parte do acordo, o Canadá poderá conservar a proteção do setor cultural.

"O USMCA proporcionará a nossos trabalhadores, agricultores, fazendeiros e empresas um acordo comercial de alta qualidade que dará como resultado mercados mais livres, comércio mais justo", afirmaram os governos americano e canadense no comunicado conjunto, publicado 90 minutos antes do fim do prazo limite fixado pelos Estados Unidos.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, saiu às pressas de uma reunião em caráter de urgência com seus ministros no domingo e declarou apenas que "é um bom dia para o Canadá". Para o Canadá a pressão era grande, pois Estados Unidos e México já haviam concluído um acordo.

O principal negociador do presidente eleito do México para o tratado, Jesús Seade, celebrou a notícia.

"Celebramos o acordo trilateral. Fecha a porta para fragmentação comercial da região. TLCAN 2 (sigla do Nafta no México) dará certeza a estabilidade ao comércio do México com os sócios na América do Norte", escreveu no Twitter Seade, que representou o presidente eleito Andrés Manuel López Obrador durante as negociações.

Aço e alumínio?

O calendário eleitoral complicava as coisas para os negociadores canadenses. As concessões no setor de laticínios podem ser mal recebidas em Quebec, que vota nesta segunda-feira para definir o próximo governador da província francófona.

Os principais partidos de Quebec e as organizações de agricultores defendem o sistema de "administração da oferta", que controlava a produção e o preço do leite e das aves de curral, além de garantir um faturamento estável para os agricultores canadenses.

As pesadas tarifas impostas por Trump ao aço e alumínio canadense, entre outras, permanecem em vigor no momento, em um contexto no qual o governo dos Estados Unidos realiza uma campanha protecionista que afeta vários países.

O texto final inclui uma cláusula que permite revisar o acordo a cada seis anos, de acordo com uma fonte americana, informa a agência France Presse.

Os mercados globais reagiram bem ao anúncio. "Notícias sobre um acordo entre EUA e Canadá para salvar o acordo comercial do NAFTA devem dar um impulso ao apetite global por risco no início do quarto trimestre", escreveu o estrategista da Peel Hunt, Ian Williams, acrescentando que o acordo "pode ​​oferecer incentivo a que outras disputas comerciais globais possam ser resolvidas satisfatoriamente."

Fonte: G1

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