FMI: guerra comercial desaceleraria crescimento mundial sem interrompê-lo
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- 09/10/18
Uma guerra comercial descontrolada desaceleraria o crescimento da economia mundial sem interrompê-lo, segundo estimativas publicadas nesta terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Embora o governo dos Estados Unidos tenha cumprido totalmente suas ameaças de impor tarifas sobre produtos da China e de outros países, o impacto dessas medidas seria de menos de um ponto do Produto Interno Bruto (PIB) para um crescimento mundial estimado de 3,7% em 2018, 2019 e 2020.
No curto prazo, os efeitos dessa guerra comercial seriam duas vezes mais graves para a economia chinesa do que para a americana - os dois países mais afetados.
O crescimento da maior economia do mundo, os EUA, cairia de 2,5% para 1,6% em 2019, e o da segunda, a China, passaria de 6,2% para 4,6%, segundo estimativas divulgadas pelo FMI.
Esse seria o menor nível de crescimento já registrado na China desde que o país iniciou sua industrialização.
No Japão, a terceira maior economia do mundo, o crescimento passaria de 0,9% para cerca de 0,4%, enquanto o PIB da zona do euro, menos afetado, passaria de 1,9% para 1,5%.
Esta desaceleração agravaria os problemas de desemprego em alguns países europeus que já têm altos níveis de endividamento.
No Japão, uma desaceleração no crescimento pode levar ao retorno da deflação.
Em 2023, a China e os Estados Unidos perderiam cada um 0,6 ponto do PIB, mas, a longo prazo, uma guerra comercial desenfreada afetaria a economia dos Estados Unidos mais que a economia chinesa, segundo o FMI.
O primeiro perderia um ponto do PIB em relação a uma situação comercial estável, enquanto a China recuaria apenas meio ponto.
O crescimento do Japão seria reduzido em 0,4 ponto, e o crescimento da zona do euro, em 0,2 ponto, em 2023.
O FMI desenvolveu um cenário com cinco níveis, com base nas medidas que os Estados Unidos já adotaram ou poderiam adotar com relação a seus parceiros comerciais a partir de 2019.
O primeiro nível corresponde aos aumentos nas tarifas já decididos entre os Estados Unidos e a China, cujos efeitos foram integrados às mais recentes perspectivas globais do FMI.
O segundo prevê as consequências da possível aplicação de tarifas adicionais de 25% sobre 267 bilhões de dólares em importações chinesas.
O terceiro estuda o impacto das tarifas sobre todos os produtos chineses que entram no mercado norte-americano. Nesse caso, a indústria automotiva americana e seus fornecedores seriam particularmente afetados, com efeitos colaterais para México, Canadá e Japão. A ameaça de tarifas sobre as importações de carros europeus para os Estados Unidos, atualmente suspensa, poderia se materializar.
O quarto nível analisa os efeitos dessas medidas em projetos de investimento, e o quinto inclui uma degradação das condições de financiamento das empresas.
O FMI, no entanto, fez suas estimativas antes que Estados Unidos, Canadá e México anunciassem um amplo acordo para atualizar seu acordo de livre-comércio, o Nafta, que estava em vigor há 25 anos. O novo pacto afasta o risco de um conflito comercial aberto entre os três países.
Fonte: Jornal do Brasil