Fundo dos Brics terá crédito contra crise

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O fundo de reserva comum de US$ 100 bilhões do Brics - bloco dos países Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul - será mais abrangente e incluirá uma linha de prevenção contra crise (chamada, em inglês, de "Precautionary Liquid Line"), além do financiamento clássico pós-crise para sair de dificuldades.

Os líderes dos Brics vão se encontrar dentro de duas semanas em São Petersburgo, na Rússia, paralelamente à cúpula do G-20, grupo que reúne as 19 maiores economias do planeta mais a União Europeia. Na ocasião, vão receber relatório sobre os avanços operacionais na criação do fundo que visa ajudar na salvaguarda da estabilidade financeira.

O sinal verde que os líderes dos cinco países deverão dar em São Petersburgo aos negociadores do fundo, incluindo a linha de precaução, tomará maior dimensão no rastro das desvalorizações recentes das moedas de emergentes. A forte depreciação da rupia da Índia deflagrou especulações nos mercados de que esse importante membro do Brics corre o risco de uma crise de balanço de pagamentos, em meio à pouca margem de manobra atualmente por parte de suas autoridades.

O fundo de reservas comum, que informalmente é chamado de fundo monetário dos Brics, será oficialmente criado em março de 2014 na cúpula do grupo prevista para ser realizada no Brasil. Até agora, a discussão era para o fundo fornecer linha de crédito clássica pós-crise. Mas o perfil do fundo evoluiu e a orientação agora é copiar o próprio FMI (Fundo Monetário Internacional) e sua linha de prevenção.

Tanto na linha de prevenção contra crise, como na linha de financiamento clássico, será permitido a um país-membro ter acesso livre a um determinado percentual de seu limite de crédito. E a outra parte, maior, vinculada a um programa de ajuste com o FMI.

O Chiang Mai Initiative Multilateralized (CMIM), fundo de reservas de países asiáticos que inspira os Brics, prevê por exemplo 40% de acesso livre ao crédito e os outros 60% dependendo de acordo com o FMI.

Uma questão política é como os Brics irão articular a formação de seu próprio fundo monetário ao mesmo tempo em que pretendem vincular suas operações a programas de ajuste do FMI. A resposta entre negociadores é que, primeiramente, o FMI tem um bom mecanismo de monitoramento, e isso dá certo "conforto" aos países que aportam dinheiro no fundo.

A China colocará US$ 40 bilhões; Brasil, Rússia e Índia, US$ 18 bilhões cada; e África do Sul, US$ 6 bilhões. Os recursos serão o colchão adicional para o grupo, em caso de retração nas linhas internacionais, queda de investimentos ou ataques especulativos.

O "pool" de reservas dos bancos centrais foi lançado pelo grupo à margem da cúpula no meio do ano passado em Los Cabos, no México. E é considerado importante no persistente cenário de incertezas da economia global, mas também do ponto de vista político.

Fonte: Valor Econômico

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