Com receio sobre impacto econômico, Malvinas torcem por bom acordo do Brexit
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- 13/11/18
As ilhas Malvinas, sob soberania britânica, consideram essencial para a economia local que o Reino Unido saia da União Europeia (UE) com um bom acordo, principalmente para o setor pesqueiro, do qual o arquipélago depende. O bloco europeu é um destino vital para os quase três mil habitantes das Malvinas, já que 94% da pesca e um terço da carne são exportados ao mercado da UE.
Em 2017, os malvinenses exportaram 42.286 toneladas de pescado com valor de alfândega estimado em 139 milhões de euros, enquanto as exportações de carne e lã renderam 8,6 milhões de euros.
O pescado das Malvinas não compete com o britânico (que pesca principalmente bacalhau e cavala), já que os malvinenses exportam a lula Loligo, cujo principal mercado é o sul da Europa.
"As nossas opções são limitadas. É por isso que é imperativo que se negocie um bom acordo", disse à Agência Efe Teslyn Barkman, membro da Assembleia Legislativa das Malvinas.
Segundo Barkman, se o Reino Unido sair da UE no dia 29 de março de 2019 sem acordo, as exportações de pescado e carne das ilhas estarão submissas às tarifas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Dada a importância da UE como destino para os produtos, uma falta de acordo seria "prejudicial" para a economia do arquipélago, com consequências para os futuros investimentos em infraestrutura e os serviços públicos das ilhas, segundo a legisladora.
Desde que o Reino Unido entrou na UE, em 1973 (na época Comunidade Econômica Europeia, CEE), as ilhas desfrutaram de uma boa relação com o bloco, sobretudo a partir de 2001, quando se beneficiaram do livre acesso alfandegário aos mercados a fim de ajudar seu desenvolvimento econômico e social.
A estimativa é que a indústria da pesca represente 41% do Produto Interno Bruto (PIB) das Malvinas, cuja soberania é reivindicada pela Argentina desde janeiro de 1833.
É por isso que os malvinenses esperam uma queda de 16% na receita por pesca se não houver pacto para o Brexit, mas as perdas para o setor da carne podem chegar a 30%.
Além disso, pode haver um impacto na cidade espanhola de Vigo, por onde o pescado malvinense chega à UE. Pelo menos seis mil postos de trabalho espanhóis dependem dessa atividade.
"Dada a prevalência de Vigo como porta à UE para produtos de pesca das ilhas Falklands (nome britânico das Malvinas), está claro que é de mútuo interesse para a Espanha e as ilhas Falklands manter a tarifa atual para estes produtos. Qualquer outra coisa que não seja esta regulação terá um efeito prejudicial para as ilhas", explicou Barkman.
Embora a vitória do Brexit no referendo de 23 de junho de 2016 tenha sido negativa para as Malvinas, os malvinenses ressaltaram que respeitam e não questionam o resultado, mas consideram necessário que o governo britânico faça todo o possível para não prejudicar a economia pesqueira das ilhas.
Fonte: Agência EFE