Salários têm seu pior nível desde crise de 2008, aponta OIT
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- 26/11/18
O crescimento dos salários no mundo nunca foi tão baixo desde a crise financeira de 2008 quanto no ano passado, e isso apesar da reativação econômica nos países desenvolvidos, segundo relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta segunda-feira (26). Segundo a OIT, o crescimento mundial dos salários reais (corrigidos pela inflação) se desacelerou no ano passado, caindo de 2,4%, em 2016, para 1,8%, em 2017, seu nível mais baixo desde 2008.
Em relatório, a OIT também constata que as diferenças de salários entre os sexos persistem em um nível "inaceitável". As mulheres continuam recebendo cerca de 20% a menos do que os homens, destaca a agência France Presse.
"É desconcertante observar que, nas economias com altas rendas, o lento crescimento dos salários coexiste com o crescimento do PIB e com a queda do desemprego. Segundo as primeiras indicações, este fraco crescimento salarial deve perdurar em 2018", declarou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
No Brasil, houve alta dos salários reais de 2,3% em 2017, segundo o relatório, após dois anos seguidos de perdas.
Dados do IBGE tem mostrado estagnação na reda dos brasileiros em 2018. No trimestre encerrado em setembro, orendimento médio real do trabalhador foi estimado em R$ 2.222, apresentando estabilidade frente ao trimestre anterior(R$ 2.229) e também na comparaçao com 1 ano antes (R$ 2.208).
Na Europa (excluindo-se a parte leste, onde o crescimento dos salários reais disparou 5% no ano passado, contra 2,8%, em 2016), o crescimento salarial foi quase nulo em 2017.
O informe da OIT aponta as diferenças de salários entre homens e mulheres, o que representa "uma das maiores manifestações de injustiça social".
"Claramente se penaliza a maternidade nas mulheres. Inversamente, existe um bônus para a paternidade: os homens com filhos jovens têm situação melhor" em termos salariais do que as mães, disse Ryder, em entrevista coletiva.
"A diferença de salários entre sexos continua sendo um fenômeno amplamente inexplicado que, em certa medida, está vinculado a preconceitos e estereótipos" e a outros fatores que não podem ser explicados com diferenças de produtividade entre homens e mulheres, disse à imprensa Rosalía Vázquez-Alvarez, uma das autoras do informe.
O informe mostra que as explicações tradicionais, como as diferenças de nível educacional entre homens e mulheres que ocupam um emprego assalariado, têm um papel limitado para explicar as diferenças de salário.
A "parte sem explicação" das diferenças salariais entre homens e mulheres predomina em quase todos os países, segundo a OIT.
Fonte: G1