Trump não descarta intervir no caso Huawei para evitar conflito comercial
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- 12/12/18
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou ontem (11) que poderá intervir no caso da executiva chinesa detida no Canadá se isto ajudar a solucionar o conflito comercial com Pequim. "Se eu acho que é bom para o país, se eu acho que é bom para o que será certamente o maior acordo comercial já feito - o que é uma coisa muito importante, o que é bom para a segurança nacional - eu certamente intervirei se achar necessário", disse Trump em entrevista.
Trump expressou otimismo de que poderá acertar um acordo comercial com o presidente da China, Xi Jinping, enquanto os dois países travam uma disputa que contribuiu para o recente declínio do mercado acionário dos EUA e levantou dúvidas sobre se a turbulência econômica poderá afetar o governo de Trump em 2019.
Trump, que quer que a China abra seus mercados para mais produtos fabricados nos Estados Unidos e acabe com o que Washington chama de roubo de propriedade intelectual, disse que ainda não falou com Xi sobre a prisão da executiva da Huawei.
Na esteira de seu encontro com Xi em Buenos Aires, Trump disse durante a entrevista que conversas comerciais com Pequim estavam em andamento por telefone, com mais prováveis reuniões entre autoridades norte-americanas e chinesas.
Os Estados Unidos pediram a detenção e a extradição de Meng Wanzhou, chefe financeira do gigante chinês de telefonia móvel e telecomunicações Huawei, por violar as sanções contra o Irã.
Sua detenção em Vancouver, no dia 1° de dezembro, elevou a tensão entre Washington e Pequim, que protagonizam uma guerra comercial. A executiva foi solta nesta quarta-feira (12), depois de passar 11 dias presa no Canadá, após pagar fiança de US$ 7,5 milhões.
Intervenção
Durante a entrevista, Trump disse que Meng poderia ser libertada. "Bem, é possível que muitas coisas diferentes aconteçam. Também é possível que seja parte das negociações (comerciais). Mas falaremos com o Departamento de Justiça, falaremos com a China, teremos muitas pessoas envolvidas", disse ele.
Perguntado se gostaria de ver Meng extraditada para os EUA, Trump disse que queria primeiro ver o que os chineses pedem. Ele acrescentou, no entanto, que as alegações contra a Huawei são preocupantes.
"Esse tem sido um grande problema que tivemos de tantas maneiras diferentes com empresas da China e de outros lugares", disse ele.
Trump já interveio em nome de uma empresa chinesa antes. No começo do ano, ele revisou as multas aplicadas à empresa chinesa ZTE por mentir aos EUA depois que a empresa se declarou culpada de violar as sanções de Washington contra o Irã. Segundo Trump, a revisão ocorreu porque a fabricante da área de telecomunicações é uma grande compradora de componentes produzidos por fornecedores norte-americanos.
Entenda o caso
A chinesa foi presa no último dia 1º, no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, mas a notícia só foi revelada na quarta-feira passada (5). Wanzhou foi presa em Vancouver, quando trocava de avião durante uma viagem de Hong Kong ao México.
Meng, de 46 anos, que também é filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, enfrenta acusações de fraude para violar sanções ao Irã impostas pelos EUA. A Justiça americana exige sua extradição por "conspiração para defraudar várias instituições financeiras".
Ela é acusada pela justiça americana de mentir sobre o uso de uma subsidiária oculta para fazer negócios com o Irã, o que viola as sanções de Washington a Teerã. Se for considerada culpada, a executiva pode ser condenada a mais de 30 anos de prisão.
Na última segunda (10), a chinesa pediu a liberdade condicional por questões de saúde, alegando sofrer de hipertensão. O governo americano queria sua extradição para os EUA.
A primeira audiência de extradição foi fixada para 6 de fevereiro. Os Estados Unidos têm 60 dias a partir da detenção de Meng, em 1° de dezembro, para proporcionar toda a documentação necessária ao procedimento.
Fonte: Reuters