Japão registra déficit comercial pela primeira vez desde 2015
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- 23/01/19
O Japão registrou déficit comercial no ano passado pela primeira vez desde 2015, devido à desaceleração das exportações em um contexto de tensões entre seus dois maiores sócios comerciais - China e Estados Unidos. Em 2018, o déficit comercial japonês foi de 1,2 trilhão de ienes, após dois anos de superávit. O crescimento anual das exportações caiu de 11,8%, em 2017, para 4,1%, no ano passado, de acordo com dados do Ministério das Finanças publicados nesta quarta-feira (23).
As exportações para a China aumentaram 6,8%, contra 20,5%, em 2017.
O aumento dos envios para os Estados Unidos foi de 2,3%, contra 6,9% um ano antes.
"As exportações para os Estados Unidos não foram fortes, mas, sim, sólidas, enquanto os envios para a Ásia, sobretudo, para a China, se desaceleraram", explicou Takeshi Minami, economista-chefe do Norinchukin Research Institute.
"Pode-se apontar as tensões comerciais entre China e Estados Unidos como causa", disse ele à AFP.
"Se a economia mundial se mantiver assim, não podemos esperar um crescimento das exportações", declarou Minami.
Além disso, o Japão aumentará os impostos sobre as compras, dos atuais 8% para 10% em outubro, o que pode implicar uma alta da demanda antes da nova taxa.
"Isso pode impulsionar as importações até setembro, o que aumentaria o déficit do Japão", completou.
BC do Japão corta previsão para inflação
O banco central do Japão reduziu suas estimativas de inflação nesta quarta-feira mas manteve seu forte programa de estímulo, com o presidente Haruhiko Kuroda alertando sobre os crescentes riscos para a economia do protecionismo comercial e da fraqueza da demanda global.
"Para ser honesto, se as tensões comerciais entre EUA e China se prorrogarem, haverá um sério risco para a economia global --primeiro para as próprias economias dos dois países", disse Kuroda.
Mas apesar do aumento dos riscos como as disputas comerciais e o Brexit, o banco central também manteve sua visão de que a economia do Japão continuará a expandir a um ritmo modesto.
O Banco do Japão manteve a política monetária ultrafrouxa, reiterando promessa de continuar a comprar títulos do governo japonês e deixar a meta para a taxa de juros de curto prazo em -0,1%. Também disse que vai continuar guiando os rendimentos dos títulos do governo em torno de zero por cento.
Em seu relatório de perspectivas, o Banco do Japão reduziu sua estimativa para o núcleo da inflação ao consumidor a 0,9% no próximo ano fiscal, de 1,4%, refletindo a queda dos preços do petróleo. Foi a quarta revisão para baixo pelo banco central de sua estimativa de inflação para o ano fiscal de 2019 desde que começou a divulgá-la em abril de 2017.
O banco central também cortou a visão para o núcleo da inflação ao consumidor para o ano fiscal de 2020 a 1,4%, ante 1,5% previsto em outubro.
Fonte: France Presse