Brasil precisa de mais investimentos para garantir crescimento no longo prazo, diz FMI

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A economia brasileira está se recuperando gradualmente da desaceleração iniciada no meio de 2011, mas o país precisa de mais esforços para melhorar a produtividade, a competitividade e investimentos para garantir crescimento no longo prazo.

As conclusões constam de relatório produzido pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) com base em consultas a autoridades brasileiras e divulgado nesta quarta-feira (28).

O documento faz referência ao processo recente de desvalorização da moeda local e diz que a turbulência se insere dentro da realidade das economias emergentes. O FMI acredita que o Brasil tem instrumentos adequados para lidar com pressões de fluxo de capitais. "A flexibilidade da taxa cambial continua sendo o melhor colchão para amortecer a turbulência financeira externa, desde que intervenções no mercado cambial fiquem limitadas a moderar a volatilidade excessiva", disse o FMI.

A avaliação da entidade financeira internacional coincide com a fala da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira sobre o câmbio. Em entrevista a emissoras de rádio de Belo Horizonte, ela defendeu que o país tem 'bala na agulha' para enfrentar as turbulências do dólar.

Ela reafirmou que o câmbio é flutuante, mas que as intervenções no mercado feitas pelo Banco Central são para impedir que essas flutuações sejam "abruptas".

O relatório do FMI informou ainda que será importante para o Brasil elevar a poupança doméstica, melhorar o mecanismo de indexação do salário mínimo e continuar a reformar seu sistema previdenciário.

O desemprego baixo e fortes ganhos salariais reais mantiveram o consumo forte e, com a economia operando perto do potencial, os problemas de oferta afetaram o crescimento e alimentaram a inflação, de acordo com o relatório.

O FMI aprovou o início de um ciclo de aumento das taxas de juros, pelo Banco Central, que deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira, para 9%.

O BC iniciou em abril uma agressiva estratégia de aumento na taxa de juros, levando a taxa básica de juros da mínima recorde de 7,25% para os atuais 8,5%.

"Além dos obstáculos das condições externas, problemas do lado da oferta doméstica e incertezas políticas podem estar afetando o crescimento no curto prazo", completou o relatório.

"Outros esforços para fomentar o investimento privado deveriam incluir a melhora do sistema tributário e das condições empresariais", informou o FMI.

O FMI disse ainda que o Sistema Financeiro Nacional é sólido e bem posicionado para implementar as exigências de capital de Basileia III com antecedência. Mas alertou que os créditos das famílias e o imobiliário continuam em níveis de risco e exigem vigilância.

O Ministério da Fazenda informou nesta quarta-feira que fez "sugestões de modificações e ajustes técnicos" ao relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre o Brasil.

O fundo divulgou apenas parte do documento porque o governo brasileiro não autorizou a liberação de sua íntegra. A nota da Fazenda diz ainda que aguarda resposta do FMI para decidir se liberará todo o relatório. No ano passado, pela primeira vez, o Brasil permitiu a divulgação do documento completo.

A assessoria da Fazenda não esclareceu se a nota se refere ao pedido do ministro Guido Mantega, feito em julho, para que o FMI modifique seu cálculo de dívida bruta, já que a forma atual como o fundo contabiliza isso aponta para uma dívida bruta do Brasil maior que a considerada pelo Banco Central.

No caso do FMI, a instituição leva em conta todos os títulos de dívida emitidos pelo Tesouro Nacional, inclusive aqueles que estão em poder do BC.

Já o BC não considera os papéis que estão parados em seu caixa, entrando em seu cálculo apenas os títulos usados em operações compromissadas. Essas operações são feitas pelo BC para regular a quantidade de dinheiro circulando na economia. Quando é preciso diminuir essa quantidade, o BC vende títulos públicos no mercado, retirando assim dinheiro de circulação. Quanto quer aumentar a oferta de dinheiro, compra os títulos que estão no mercado.

O relatório anual do FMI com comentários sobre os países membros é chamado de Artigo IV porque esse é o artigo do convênio da instituição que lhe dá mandato para fiscalizar a economia e finanças dos países.

Os representantes do FMI visitaram o Brasil em maio deste ano e o relatório foi fechado no final de julho.

Fonte: Folha de São Paulo

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